quinta-feira, 18 de abril de 2013

SOU e NÃO SOU DAQUI...



O mundo é dos fazedores se cercas, desses que basta um plantar de muda de grama para que erijam fronteiras e chamem seus quintais de casa amada. Dos que mais me dão enjôo nessa vida, os ufanistas estão no topo da lista, são, os ufanistas, uma espécie endêmica de bobalhões contaminados pela cegueira da vizinhança, todos boquiabertos com seus freios de burro afixados na dentadura nacional. Vivem numa mimação auto-promocional de dar inveja ao mais meloso dos sujeitos, para tudo recorrendo às riquezas das suas esquinas, enfurnando-se em reuniões sindicais para cantar o hino do próprio bairro. Eu não. Eu, se me dessem oportunidade, ou, se eu mesmo encontrasse meios, sairia correndo daqui, teria tanta pressa em abandonar esse navio dos meus dias que levaria comigo somente a roupa do corpo, e mais nada... O restante das minhas memórias que naufragassem com as pegadas que deixei. Mas, tudo em vão... Estou atado sempre na incompletude das habitações que me dão a habitar, independente de onde estejam. Existo na segregação da minha condição de hóspede forçado, quando não é a paisagem que me exorta a fugir, é a língua que me obriga a ficar... Sou um viajante de malas prontas que nunca viaja, sempre na iminência de viajar. Ensaio meu adeus enquanto fico, ficando e me despedindo, partindo sem jamais partir.

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