Cansei de rumores!
Revelar-me-ei:
Sou um poço de mistérios...
Desdigo o que digo
Para que tu não digas:
A-há!
Entendo-te!
Pena dos que fazem das letras
Cantilenas
Como carimbo de tinta fresca
Daquilo que ao coração ditam...
Ah, o bendito coração que sente!
Meu circunlóquio é cerebral
Pauto matérias em encruzilhadas
Regendo sinapses em sinfonias sem sentido
Queres um?
Pois que vá tu consultar teu terapeuta!
Oh bendita fase de crises hiperdramáticas!
Tudo o que foge ao ritmo sem motivo
Vira heresia excêntrica
Sem gramática!
Disse eu ao meu poema:
Revoltai-vos, oh versos dodecassílabos!
Pentâmetros iâmbicos
Brancos e compostos
Que o mundo não vos imponha essa coisa linda de reverberar por dentro o que por fora não chegai sequer perto de raspar!
Fora! Fora! Fora!
Fora o com as delícias do recheio
Que empapam o focinho de delícias
Enjoando as mais resistentes tripas!
Danem-se as substâncias!
O que eu quero é remar
Bem pra lá
Para longe da mesmice
Na crista da onda
Da superfície!
...
...