quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Ator 
E quem suspeitaria
De que morrer todo dia
Como o ator que ao palco sobe
Suprimindo seu próprio nome
Para o bem de não sei quem
Seria vida que fica
Infinita
E deveras nobre?
E quem recusaria exasperar-se até seu último e derradeiro amém
Fingindo que finda
Se a oração bendita
É ladainha divertida
Sem profetas, fiéis ou evangelhos
Só liturgia
Riso frouxo que sobra
De quem ainda se enamora
Da alegria?
E assim acometido
Por cansaços sucessivos
Coroar-se servo sem amos e rei de tantos ninguéns
Que nascem, vivem e morrem
Na poeira soprada de todas as horas
Pó mágico dos sonhos de quem com o riso ainda ri
E com o pranto
Ainda
Chora
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