segunda-feira, 1 de abril de 2013

#10



Não sou fiel, não!
Fiel são as coisas
Que são o que são
Fiel é essa caneta, que por ser caneta, não precisa inventar ser o que não é
Fiel é o cão, que não sabendo que é um cão, pode se dar ao luxo de simplesmente cão ser
Agora eu?
Fingir querer ser um?
Justo um condenado à consciência da inconsistência?
Eu não!
São ridículos os dignos
Os defensores do caráter
Os emoldurados no espelho da identidade
Os idolatrados em títulos...
São bonecos-humanos
Ridículos são os governos, as leis, as academias da decência
Departamentos de correção do incorrigível
Só são justos se dos seus ensinamentos pudermos fazer justiça, esquecendo-os por completo!
Seríamos melhores se usufruíssemos da preciosidade de não precisar pensar o que somos
Maldito Descartes, pensou por nós e por toda uma decadência humana!
Melhor seria: Penso, logo desisto...
Viramos filósofos do impalpável
E disso fizemo-nos imutáveis
Nuvens encalacradas na concretude sólida da ignorância
Bendita contradição!
Professores!
Demagogos!
Padres!
Doutores!
Crentes numa eternidade que sequer desconfiam longe raspar...
Sou cambiante
Viro-me no desequilíbrio
Torço para perder sempre a razão
Quiçá assim mereça
Um dia
O meu perdão...

...

...

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