segunda-feira, 22 de abril de 2013

INTERVALO...



Escrevo e já não sei mais o que escrevo
No meio do pensamento sei que o que penso pouco prestará
Me descarto a cada vontade de perseverar
É por teimosia que termino o que inicio, por vaidade de inteireza
Coisa que me falta
Carência que em nada arrefece, só aumenta 
Quanto mais tento abrir-me, fecho
Encalacrado no vácuo que a tudo escoa, sumindo e fazendo perecer.
Sobrevivo em partes, cacos que se juntam num esforço de eterna união
E falham, continuam falhando
O que resiste é o impulso
Não fosse por ele, estaria terminado
Pinto vontades em quadros de borradas paisagens
Se houvesse um meio de apenas ver
Ser um arauto da natureza que existe sem nada ter a dizer
Viver é agregar intervalos
Cada vez mais longos
Cada vez mais profundos...
Vou desmontado
Desmontando
Não há fim possível
Porque acabar já seria algo completo, um desfecho desejável, íntegro.
Desintegro
Vou, antes, vazando
Escrevendo e diminuindo
De página em página,
Apagando
Sumindo.

...

...

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