quinta-feira, 4 de abril de 2013

#17




Escreveria um conto se houvesse um ponto a ver
Um lá no final que dissesse: sossegue, a coisa há de acabar
Ou já acabou, tanto faz
Mas tudo o que vejo é turbilhão de letras
Assim, como se a literatura acontecesse de se revoltar
E as letras, em piquete, à porta da imaginação fossem reivindicar
Reunidas que estariam em palavras de protesto
Numa nova gramática em manifesto:
"Deem-nos vida eterna! Direito de persistência! Não venham a nós querer encalacrar!"
Coisa dura essa...
Como convencê-las de que a página, ainda que finita, é paraíso de liberdade frente ao que sou em carne e osso?
Mas, para tanto, há que se ter um final!
Para tudo é preciso um epílogo
Um deixe disso
Aqui jaz
Fim
Talvez eu mesmo, que perecível me conheço, precise das letras para tornar-me além
Antes é preciso convencê-las...
Dura tarefa
Um ponto lá na frente
E só
O resto é caminho de direção única...

...


...

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