segunda-feira, 11 de março de 2013

RÉQUIEM DO NÃO FUI...



Vivendo ainda
Preparo minha sorte
Quando desta aventura finda
Nada de morte!
Ad eternum amado
Para o bem de vós, filhos queridos
Serei eu, oh sacrifício...
Embalsamado.

Carta aos vermes agora escrevo:
'Vós, oh minhocas crepusculares,
Das minhas ancas projetando jantares
Desse cardápio pronto me ausento,
Tubos esguios e nojentos que são,
Não insistis, repito:
Recuso a oferta
Que aporrinhação!
Estou de dieta...'

E assim
De presunto impedido
À estátua de vidro
Quando quiseres visitar-me, filho amigo,
Eu to peço:
Enxugue as lágrimas
É só pagar ingresso!

Que delícia de destino comprido
Da tumba escura ao ar condicionado
Exibido!
Eis-me aqui, atrás da vitrina
Ala funérea
Seção Creolina...

Sorria, lombriga vivente!
Seu líder não morreu!
Morreu tu
Que vives dormente
Mas, suspires!
Não há de ser nada
Contanto que me queiras lembrado
Serás por mim - seu pai empalhado,
Para sempre idolatrado...

Obrigado!
Agora deixe-me em paz
Suma daqui e vá se danar!
Pensas o que?
Até museu de cera
Tem hora pra fechar...

Aqui jaz eu morto que nada
Amanhã e sempre
Na mesma toada
Lente de aumento
Produto de jumento
...

...

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