segunda-feira, 11 de março de 2013

CASARÃO DE FRONDOSAS JANELAS...


Casarão de frondosas janelas
Quando foi que dissestes a mim:
'Querendo tu, venhas morar aqui'?
Por que não ouvi?
E se ouvi, por que não parti?
Para esse que seria o regresso
Para um abrigo pregresso
Dos ecos de silêncios sinceros...
Por que, meu Deus, do cimento fizeram-me refém?
Das paredes de curtas distâncias um ninguém - ou mais um dentre tantos alguéns...
Dos olhares de mendicância,
Desses que colhem de mim um eu que nunca fui
E se sou, jamais quis ser
Esse que mora por morar sem nunca sonhar
E se sonha já lamenta
Porque das paisagens de valor sabe-se distante...

Ah, casarão de frondosas janelas,
Sinto aqui o que de mim escondes
Um cheiro acre de tempos não vistos
Um afundar nos dias sem pressa
E lá, por cima da estante, o cuco
Marcando surdo as horas que não chegam...

Subo por tuas escadas
Mas não chego
Que vista de cima guardas escondido, meu amigo?
Do sótão escuro só ouço o barulho
Das memórias brincantes
Dos antigos viajantes
Irmãos que gostaria de ter tido
Da família sumida pertencido...

Ah, casarão de frondosas janelas
Choro por ti
Por teu amor que não vivi
Lembras-te de mim,
Ainda assim?

...

...

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