terça-feira, 11 de junho de 2013

Quase fui...


Hoje pensei que teria um treco
Um treco tipo decreto:
Aqui jaz esse quem voz escreve
Levado cedo - pra onde?
Dizer não devo, dá azar
Vai que o inferno dá de me recusar?
Hoje pensei que era a minha hora
Hora a que todos temem, dizendo:
Vá-se embora...
Hoje quase empacotei
Como? Não sei
Só sei que quase fui
E se fosse, teria ido
Como assim? Com que objetivo?
Segredo do Divino, ou do homem de chifre comprido
Hoje pensei que era isso
Ô diabos de coisa sem sentido
Vim, aconteci, e eis-me aqui:
Presunto estendido.
Hoje quase não escrevo, e se o faço
É só por prudência, ou teimosia adquirida
Ah como é bela a minha vida
Mormaço entre ser e não ser
Coisa difícil de entender
Hoje percebi que testamento não tenho
Que importa, afinal?
Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da minha miséria
Mas de epitáfio não abro mão
Que azar de quem vai sem pensar nisso
Faço-me prevenido!
Eis o que digo, ou direi:
Fui, amigo
Deixe-me em paz
E vá tratar do seu umbigo...

...


...

Nenhum comentário:

Postar um comentário