quinta-feira, 13 de junho de 2013

(...)

Resolvi interromper a narrativa do tempo
Ao descobrir que o tempo de tempo não tem nada
Saindo-se mais a gosto como figura de linguagem
O que é o passado e o futuro senão recantos de miragem?
Vai-se sempre adiante sem nunca chegar
Retorna-se como nunca ao porto onde outrora costuma-se zarpar!
Para quê?
Será que ninguém vê que o abrir e o fechar das cortinas é o mesmo desde que nesse teatro fizeram dos nossos ancestrais personagens?
Desço do palco e enclausuro-me na sombra da plateia
E daqui vejo:
A vida é uma comédia
E quem não a enxerga de longe ainda reivindica para si os ares da tragédia!...
Encerrei-me no presente, recuso a história
E se isso faço
É menos por da história querer vingança
Dos dias em que pensei haver nela alguma esperança
Fico comigo porque de mim não há essa coisa de ir e vir
Sou e pronto
Dureza do existir
Da esperança que me furta sentido
Reverto em lembrança
De um tempo em que o tempo tinha em mim um aliado
Mas hoje se não tenho história
Dou o troco
Sendo outro e vários
Num conjunto impreciso
De memórias...

...

...

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