segunda-feira, 10 de junho de 2013

OBITUÁRIOS EXEMPLARES # O fim do dedetizador de pragas, roedores rasteiros e insetos em geral – peçonhentos ou não...


O dedetizador de pragas, roedores rasteiros e insetos em geral – peçonhentos ou não, depois de anos dedetizando tudo quanto é residência, prédios de escritórios, agremiações e clubes municipais – públicos ou não, descobriu que - eureca! -, a despeito das milhares de vezes em que se envenenavam as pragas, roedores rasteiros e insetos em geral – peçonhentos ou não, todos eles, sem exceção, davam um jeito de voltar à labuta, coisa que se explicava pela enorme atração que tinham aos seres humanos que insistiam em habitar toda espécie de residências, prédios de escritórios, agremiações e clubes municipais – públicos ou não, chegando à simples - porém óbvia conclusão - de que o esforço para se eliminar as pragas, roedores rasteiros e insetos em geral – peçonhentos ou não, para ser algo de fato efetivo e duradouro, deveria, antes, considerar a extirpação de todos os seres humanos que insistiam em habitar toda a sorte de residências, prédios de escritórios, agremiações e clubes municipais – públicos ou não, e, uma vez livre dos seres humanos, praga nenhuma se arriscaria a perturbar a ordem seja lá de qual residência, prédios de escritórios, agremiações e clubes municipais – públicos ou não. Dito e feito. O dedetizador tratou de produzir uma droga especial cuja aplicação, logo na primeira oportunidade, deu a matar todos os ocupantes humanos da casa em questão, incluindo, obviamente, toda espécie de pragas, roedores rasteiros e insetos em geral – peçonhentos ou não, e, o mais importante: nunca mais, segundo podemos deduzir pela ausência de reclamações, houve qualquer ocorrência de perturbação por ordem biológica no local empesteado com o novo produto. O sucesso do novo dedetizador foi tamanho que em pouco tempo a cidade teve a sua população diminuída drasticamente, não só a das pragas, roedores rasteiros e insetos em geral – peçonhentos ou não, como também a dos habitantes humanos que, por certa dose de sorte ou mal azar, deram de morar ou frequentar toda a gama variada de residências, prédios de escritórios, agremiações e clubes municipais – públicos ou não, até o dia em que – curiosidade absurda, porém verdadeira -, só veio a sobrar vivo o tal do dedetizador de pragas, roedores rasteiros e insetos em geral – peçonhentos ou não, vitorioso na sua tarefa de acabar definitivamente com toda a espécie de elemento perturbador da higiene pública. Mas, triste fim teve o nosso dedetizador, pois, foi no instante mesmo de comemoração ao seu monumental feito que percebeu um minúsculo pernilongo a lhe rondar o antebraço direito, matando-o com um tabefe fulminante antes que o ferrão lhe outorgasse uma ferida coçante. Deprimido com a constatação, não houve quem o persuadisse a desistir do que viria a perpetrar em seguida (todos já estavam mortos há tempos, basta lembrar), consciência desgraçada que o levou até um quartinho escuro de alguma residência, prédio de escritório, agremiação ou clube municipal – público ou não, para lá, inocular a própria solução assassina que tanto havia comemorado em descobrir. Morreu. E, junto com ele, os últimos exemplares, ao que parece pelo menos, de toda a gama de pragas, roedores rasteiros e insetos em geral – peçonhentos ou não...

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