quarta-feira, 3 de julho de 2013

Nada...

Nada a fazer
Por que não fazemos somente isso:
Nada?
De que valem as idas e vindas
Os suores por árduos trabalhos
Os discursos de páginas longas
As vozes sempre prontas a gastarem-se em verbos já ditos, e revirados de tanto repetidos?
O que importa sentir-se útil para algo
Se para conosco prazer maior não há quando sabemo-nos imprestáveis?
Que imbecilidade é acumular reputações, proezas ou grandezas
Que estupidez é ostentar e usufruir de riquezas
Quando maior deleite que o vazio, o anonimato, a certeza de que não se vale absolutamente nada, nos preenche de sentido para a vida!
Por isso que não prestamos
Porque desejamos para algo prestar
E já eu aqui me culpo
Por a essas letras esforço enorme desperdiçar...
Ainda que um verso, uma imagem ou um acorde, nada queira senão isso:
Existir
Sempre estaremos nós aqui
A desejar que a arte - terreno para lá de descartável
Conforte-nos com um dever
Ainda que por dever não tenha
Senão isso:
Convencer-nos de que nada devemos.

...

...

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