sexta-feira, 24 de maio de 2013

NADA MAIS QUE A VERDADE!...

Digo uma coisa
Digo muitas, aliás
Só a verdade é que não digo
Porque a verdade dizendo - essa é a verdade, acredite! -
É sentença que se assina 
Não dessas de frase corrida, capricho de gramática 
Mas de morte
Suicídio voluntário
Coisa emblemática...
Porque a verdade é essa:
(Me arrisco!)
Quem suportaria saber quem se é
Vendo-se ao espelho e sem meios de fugir
Se antes a vida inteira passou
Sendo esse que não esse
Que agora sabe não poder mais fingir?
Não digo mais nada
Só digo isso:
A verdade é um petisco inconveniente
E se o ator é mascarado
Usa a máscara pra isso justamente
Para inventar um jeito de estar
Sem que a si próprio seja preciso encarar
Mas, vejam só que curioso:
Quem foge de si conscientemente
Já sabe que mente
Mais perto da verdade está, assim sendo,
Do que aquele que por verdadeiro ousa se apresentar, nunca por mentiroso se vendo
Porque esse mente sem saber
Enquanto o ator mente para ser...
Ah, a verdade!
Coisa indigesta!
E a verdade dizendo
(não resisto!)
Já vou morrendo...
E qual é o problema de morrer, afinal
Se tudo o que vive morre, seja por bem ou por mal?...
Que esse punhado de letras, então
Siga seu destino indecoroso
Desse autor que assina
(E não mente!)
Como um perfeito mentiroso
Tão somente...

...

...

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