segunda-feira, 14 de julho de 2014

Profecias: # Quando as marmotas começarem a voar...



Pois espere quando as marmotas começarem a voar, disse o filósofo de profecias certeiras, ele mesmo uma capivara de olhares profundos. Desde o tempo em que os homens viraram camundongos, lotando o subsolo com suas idas e vindas tão inúteis quanto aquelas sustentadas por um par de pernas esguias dos dias já idos, a superfície ganhara novo significado. É verdade que toda a civilização construída por gerações de seres bípedes pensantes não fora nada desprezada pelos quadrúpedes, também pensantes porém peludos, aproveitando um sem número de instalações de departamentos para fazer valer a nova ordem. Os insetos, que já eram maioria quando os aparelhinhos de matar pernilongo eram vendidos aos borbotões nas farmácias e lojas de departamento, agora são responsáveis pela previsão do tempo, revoando em nuvens de formações diversas para anunciar chuva, seca, eminência de furacões e etc. O setor de imprensa aliás, desde a extinção da obrigatoriedade do diploma universitário para antas, agora sustenta-se em regime de revezamento, ora os ornitorrincos assinando a coluna semanal do setor político, ora cabendo aos avestruzes esticar o pescoço para relatar ao mundo o que anda acontecendo de novo nas pradarias geladas do norte polar, ainda que seja improvável que avestruzes possam sobreviver às baixas temperaturas, e também bastante suspeitosa a ideia de que haja pradarias no lugar de tundras, que são, evidentemente, a vegetação mais comum em regiões geladas. Pois eis que no meio de um referendo a respeito da liberação ou não da ocupação dos carrosséis para divertimento dos crustáceos portadores de concha nas costas uma família de marmotas aponta no céu e rasga os ares com uma bela faixa pendurada na cauda da marmota-mãe e cujos dizeres anunciavam: ‘Felizes dos que, ao invés de carecas, ficam grisalhos’... E desde então, por advertência das capivaras filósofas, todos passaram a olhar para cima a espera de alguma mensagem de conteúdo precioso a ser puxada por alguma marmota de asas.   



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