segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Se tiveres dúvida...


Se tiveres dúvida sobre teu ofício, imaginando inútil o suor de teus dias, sorte tua, que percebes claramente aquilo que mais falta faz aos seus pares: as frivolidades - tempero de modéstia num mundo embotado pelos jantares inteligentes...

Se tiveres dúvida sobre tua conduta, longe do nó de gravata engomado pelas camisas alvas de linho fino, sorte tua, que sabes daquilo que falta ao mundo vestir: regatas com chinelos de dedo - refrigério para os dias quentes, abafados por tanta intelectualidade...

Se tiveres dúvida sobre aquilo que lês, desprezando os jornais, livros de auto-ajuda e toda sorte de manuais técnicos..., sorte tua, que entendes fazer falta à imaginação as fábulas infantis - histórias que na tua juventude embalavam o sono dos que hoje vivem acordados, sem nunca pregar os olhos...

Se tiveres dúvida sobre tudo isso que escrevo a ti, sorte a tua, que ainda manténs a coceira da desconfiança a atiçar o espírito - apartado que estás dos pacotes ideológicos oferecidos nas prateleiras da moralidade...

Se tiveres dúvida...
Estás vivo...
Sorte abençoada a tua!


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