quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Fábulas: # O sujeito paranoico

Era uma vez um sujeito paranoico cujo nome não divulgamos aqui para que ele não encontre chance de decretar que estas linhas não são o que aparentam ser, ou seja, um texto qualquer desses que qualquer um redigiria por puro tédio, falta do que fazer, ou mero pretexto para a digestão do desjejum, senão um relatório forjado e manipulatório de denúncia contra a sua pessoa, inocente pessoa, evidentemente, que, enfim, decidiu abrir os olhos para aquilo que o mundo evidencia em faiscantes manchetes a cada vez em que gira em seu ensimesmado eixo - e por isso mesmo alvo fácil daqueles que desejariam a sua cabeça a prêmio, uma vez que dizer a verdade e nada mais do que a verdade é um golpe de coragem e audácia indesculpável para aqueles, a maioria - maioria que é cega, mas não porque é cega, mas porque [vejam só!] enxerga perfeitamente bem e ainda assim faz-se de cega para não ter que ver) que vivem patinando no limbo escorregadio da mentira -, ou seja, a de que tudo nessa vida não passa da mais deslavada fraude, e cujo intento é o de desmoralizar os justos e festejar a vitória dos corruptos, aqueles com culpa lavrada no cartório e quase nunca desnudados em seus pérfidos crimes aos quais o povo, burro, costuma dobrar-se por pura ingenuidade ou burrice mesmo, o que dá na mesma (burro = burrice). Pois bem, e enfim, era uma vez um sujeito paranoico que, atento para todos os indícios farejantes de que o mundo estava fora dos gonzos {to be, or not to be}, entendeu que aquele exato pingo de chuva que lhe aliviava o fervor da careca - quente por tanta atividade intelectual dos miolos vigilantes -, era, de fato, a pista que faltava para abrir as comportas inundantes das provas comprobatórias de que aqueles que lá estavam no poder eram não só assassinos deslavados, chifrudos mascarados, bufões maquiavélicos, como, também, necessários representantes daquilo que há de mais nojento em qualquer filme do James Bond, qual seja, a crença pela massa desinformada de que os vilões não são do mau, mas, charmosos, e, até, necessários para o andamento da narrativa novelesca, a qual - como sabemos - cabia a ele, o sujeito paranoico, desvelar em todos os seus fio emaranhados até que estivessem, um por um, desemaranhados.

- Era uma vez, e de uma vez por todas - até que enfim -, um sujeito paranoico que, para alimentar sua verde de paranoias, abriu uma conta no Facebook e passou a compartilhar todas as notícias dos principais jornais, que, como bem sabemos, de paranoicos não tem nada, quiçá interesse em disseminar a paranoia nos que ainda não são paranoicos, ou, tampouco, naqueles que de paranoia já estão com a barriga cheia.

Prazer!


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