Um abutre grandalhão pousou no ombro direito de um sujeito jovem e viril dizendo-lhe que acompanharia toda sua vida até que virasse carniça e pudesse dele se servir. O tempo passou e um novo abutre grandalhão fez do ombro do tal sujeito, dessa vez o esquerdo, igualmente poleiro de espera. Decorridos tantos outros anos, e já velho e decrépito, um terceiro abutre grandalhão assentou ninho na cabeça do referido sujeito, contente pela refeição iminente. Mas quando finalmente a morte veio, e como nunca antes fizera qualquer esforço para espantar os abutres grandalhões, os abutres, então, num gesto de consideração e respeito póstumo, pouparam-lhe a carniça, deixando aos vermes subterrâneos - que nunca foram sentimentais com carniça alguma - o trabalho que antes haviam prometido realizar.
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