domingo, 13 de maio de 2012

O que acontece com a arte e com o teatro? Meu humilde diagnóstico...


O único esforço verdadeiro é aquele que é medido pela escala do impossível, que nos exige sacrifícios e caminhadas na beira do abismo, tudo sob o risco de escorregar, despencar e cair. Para encarar tal travessia há, necessariamente, uma seleção dos aventureiros. A solidão é fundamental para o viajante que põe os pés nessa estrada. Antes de alcançá-la, é seu dever provar que reúne qualidades suficientes para enfrentar o desafio. Nem todos estão aptos a acomodar o risco do fracasso dentro da mochila, nem todos sabem que para se colocar em movimento é fundamental desenvolver previamente músculos fortificados, a grande maioria já se apresenta atrofiada na preguiça e sem a ferramenta fundamental para qualquer explorador manter-se vivo: a imaginação. A solidão qualifica o aventureiro, ainda que o mundo tente o convencer a não partir. A dureza dos tempos atuais está na democratização de tudo quanto é passaporte, a onda de excursionistas que invade os territórios antes misteriosos e inatingíveis mata a possibilidade do impossível, esgotando as forças dos poucos aventureiros que ainda restam. As grandes travessias agora perdem para o GPS. A solidão criativa não sobrevive frente ao fuzuê dos grupos de turistas. Ao invés de silêncio, barulho. Antes concentração, agora risos tresloucados. Democratizar o impossível é o passo decisivo para a morte das grandes empreitadas criativas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário