terça-feira, 29 de maio de 2012

As excursões da vida...


Não acredito em excursões. A maneira mais eficiente para não se conhecer nada é pagando para seguir um guia com uma bandeirinha flamejante. E o pior de tudo: o guia é sempre simpático. Odeio simpatia comprada. Sempre é falsa e hipócrita. Por isso que gosto dos emburrados - cara feia é sempre genuína. Mesmo que não venda souvenirs, prefiro cara emburrada. A propósito, odeio souvenirs. Se eu fosse gerente da CVC, exigiria curso superior de mal-humor dos meus funcionários. O tédio mortal da vida é que todos querem entrar num ônibus de excursão para jogar batata-quente com o guia simpático e depois abrir o pacotinho de lanche mirabel. É mais fácil roncar na cadeira estofada do coletivo enquanto a paisagem passa pela janela, assim como dói menos estampar um sorriso de pacote-turístico diante das ruínas históricas. Pior são aqueles que querem se formar na profissão de guias-simpáticos. A grande maioria quer ganhar a vida na profissão da simpatia. A maioria é burra, já dizia o mestre. Burra e feliz. Odeio simpatia e odeio guias. Os inteligentes e interessantes são sempre obtusos, podem reparar - só são simpáticos quando querem tirar sarro dos outros e da vida, e são nessas ocasiões que se tornam altamente atraentes. Os guias-simpáticos não, são simpáticos por burrice. Todos os burros são simpáticos, notem. As antas tem uma cara de quem acabou de rir de uma piada, por isso que são antas. Se a anta fosse séria não teria cara de anta. Anta que é anta não deixa mentir: é uma verdadeira anta. Excursão sempre é barulhenta, toda felicidade comprada é barulhenta e repleta de gargantas tagarelas. Prefiro o silêncio, o humor inteligente não precisa de alto falante, morre calado. Odeio alto falante e odeio microfone. Reparem, toda gente sem graça precisa se fazer ouvir, senão morre na própria mediocridade falida. E como o mundo é quase sempre solidário com a chatice, nunca faltam orelhas atentas. Ai ai... que preguiça. Se nevasse tudo seria diferente. Esse Cassino do Chacrinha jamais existiria na neve. Acho que vou viajar para a neve na próxima oportunidade... em silêncio e sem guias-simpáticos! 

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