segunda-feira, 13 de outubro de 2014

#Cenas de Rua... Eu e o presunto, ou quase presunto. Tanto faz.


Ontem, ao chegar na rua de minha casa, deparei-me com um presunto estendido ao chão. Ou parecia um presunto. Se não o era, estava em estágios muito avançados de se tornar muito em breve um belo de um presunto. Rodeado por sangue e policiais, concedi ao presunto uma indiferença de quem coça a cabeça e se enfastia por ser obrigado a contornar o percurso interrompido e imaginar rotas alternativas até que pudesse eu, espectador do ator principal, o tal do presunto, chegar finalmente em casa. Imagino agora se fosse eu o tal do presunto a olhar para esse que fui ontem. Talvez um exercício impossível, justamente porque presunto nenhum é capaz de ponderações especulativas da ordem do raciocínio imaginativo. Não, definitivamente o presunto é quem se salva. A vida é coisa para os experimentados numa espécie de indiferença assassina. Só somos solidários em público. Em nossa solidão, desejamos distância de tudo o que nos transtorna. Mesmo que o transtorno seja materializado na figura de um inocente e triste presunto... ou quase presunto. Tanto faz.

...



...

Nenhum comentário:

Postar um comentário