domingo, 3 de junho de 2007

GOD BLESS AMERICA

Hoje assisti a um programa em que uma americana (o fato poderia se repetir com qualquer outra pessoa de qualquer outra nacionalidade) rogava respeito a bandeira dos Estados Unidos, ao símbolo que representava toda uma nação. Essa mesma mulher tecia calorosos elogios aos bravos soldados americanos que lutavam com suas vidas no Iraque para defender os ideais de seu país, um país justo e abençoado por Deus.

Fiquei assustado mas, ao mesmo tempo, nada surpreso. Uma mulher, aparentemente instruída e bem nutrida, argumentava, sem ter consciência, o que é pior, que uma "idéia" é o que rege a forma com que as pessoas devem pensar e se relacionar. "Idéia" que essa mesma mulher não sabia de onde vinha, mas respeitava cegamente seus preceitos. "Idéia" que não havia sido construída por ela mas por outros que souberam muito bem utilizá-la como mecanismo de propaganda.

O resultado é muito claro. A "idéia", seja ela qual for: uma crença em um Deus libertador, a soberania de um lugar incomparável...etc, impede que as pessoas consigam enxergar além de suas próprias barreiras morais e éticas, valores esses também cuidadosamente lapidados pela grande e imbatível "idéia". Isso explica a soberba de muitos que se consideram os salvadores do planeta, ou, ainda, os promovedores da paz mundial (paz? que paz? veio trazer a sua "idéia" de paz? E se essa "idéia" de paz for contra aquilo que eu chamo de paz? Será que a "idéia" corresponde ao discurso por ela encampado? Ou, será que existe algo além dessa "idéia" que é encoberto justamente por ela?).

É preciso dizer que "idéia" alguma substitui o exercício da consciência individual. É exatamente essa consciência que desenvolve a capacidade de observar (e se observar) através do outro e, com isso, reconhecer-se na diferença do outro.

A americana agia como um soldado do Iraque, à serviço de uma idéia de um país. "Idéia" que sempre é forjada por outros porque nada é mais poderoso do que trabalhar na contra mão da consciência individual das pessoas. Indivíduos que pensam por si próprios são mais perigosos que trocentas bombas atômicas... como gerar consensos (e é preciso construir uma força das massas!) em pessoas que pensam de forma diferente? Afinal, pensar de forma diferente é inevitável em pessoas que desenvolvem suas próprias consciências... assim como não existe um só rosto idêntico, por que haveria de existir impressões intelectuais gêmeas? A saída encontrada pelos "inteligentes" é "fazer plástica" nas consciências, nivelá-las, torná-las únicas, substituí-las por códigos, ideais, emblemas, símbolos: "Sangue de Jesus tem poder!", "Deus abençoe a América". Rostos idênticos e sem consciência, sem marcas pessoais, sem personalidade, sem alma própria.

A formação de um coletivo através de um ideal já foi desastroso no passado: "Heil Hitler" e a nossa americana segue exatamente o mesmo script. O discurso é correto: é preciso implantar uma democracia, mas não essa democracia fajuta camuflada por interesses em forma de "idéias".`É preciso desenvolver uma democracia das consciências: espaço para poder pensar, para poder falar e, sobretudo, para poder ouvir. Esse é o caminho para uma paz verdadeira.

Um comentário:

  1. Fala Chiquinho, em primeiro lugar meus parabens pelo excelente ator que vc é, demonstrando em 2 lindos espetaculos! Sapeando teu blog soh queria te dizer que o que moveu aquela mulher (e move todo o povo americano) é algo tao complexo que soh mesmo convivendo com eles pra entender um pouco sobre esse conceito da "democracia americana e amor a patria" que soh eles tem! Te juro que qdo vc vai a qualquer bairro afastado ou cidadezinha escondida e encontra TODAS as casas com bandeiras penduradas parece que vc esta vivendo num "Trumman Show", mas isso esta intrinsicamente ligado a historia deles e de como aquela terra foi colonizada. Depois de um tempo por la eu tive a certeza de que eles nao querem dominar o mundo eles so nao conseguem entender como existe alguem que nao tenha essa ambiçao! Parece um eufemismo mas a linha que separa é tenue!
    Sucesso
    Caetano Vilela

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