segunda-feira, 18 de março de 2013
ODES...
Brás Cubas
Peço desculpas
Mas confiarei aos meus bigodes
Esses que há tanto cofio sem ódio nem bodes
O motivo da minha miséria
Sejas tu, ó bigodes
Meu testamenteiro e herdeiro
Antes disso, porém,
Não me rogues alforria do que vens sendo e tens sido também:
Essa fabrica itinerante de filosofias
De ideias um celeiro...
Ó bigodes
Devo-lhe odes!
...
...
MANIFESTAI-VOS, PROTESTEI-VOS!!!
Tornou-se moda o protesto
Há em cada esquina um manifesto
Decidi também protestar
Peguei meu barco que não tenho e fui pro mar
Remei até ontem não sei
Tanto quanto pude sonhar
No intervalo entre duas luas e dois sóis
Um balão veio me buscar
Lá de cima soltei um grito:
Protesto, mundo bendito!
(Ou maldito, sei lá)
Soube de uma festa no pico do Jaraguá
De tanto voar, foi pra lá que fui dar
Dancei duas valsas
Com Strauss de parceiro
Entre brindes e vivas
Subi no altar
Eu, numa missa?
Pois é, virei padre
Pode?
Desígnio divino não se discute
Vinde a mim, ó beatitude!
Para o Vaticano às pressas levado
Papa Chico anunciado
Quer melhor lugar pra protestar do que entronado no
sacrifício?
Na praça um bulício
Libertórum, Igualitórum, Fraternitórum!
Em latim lati uma reza
O que era não interessa
Nem eu sabia, todavia
Só sei que era um protesto
Um manifesto
Ah, enfim!
Manifestei também!
Abri meu guarda-chuva
Chovia chicletes sabor uva
Vou ligar pro PROCON!
Ora veja...
Ainda se fosse sabor cereja!
...
...
PARTES...
De pouco em pouco,
Caminha-se
Um pouco disso, um pouco daquilo
Economiza-se...
E o pouco que sobra é o muito que se deixou perder
Evitando ser
O muito que fosse.
Naufragamos por inteiro
Mas do pedaço fazemos nosso esteio...
Quero ao contrário
Existir ao inverso
Fazendo do verso
Um desistir de fracionar...
Muito quero
Pouco realizo
Tragédia que não há como se evitar...
Ou
Será?
...
...
INVERNAR...
Se meios tivesse
Cultivaria para sempre esse inverno comigo
Se poderoso soubesse
Polvilharia com neve os campos floridos
Se razão houvesse na vida
Frio nenhum teria partida
A dar passagem ao verão
Da inspiração vilão
Da poesia inimigo...
Se eu o inverno conseguisse convencer
Por entre os versos que escrevo a vir morar
Dar-lhe-ia tudo o que da minha imaginação pudesse sobrar
E viveria sem rima
Na lenta pausa que não há lugar
Noutro canto que no invernar...
Se meios tivesse...
...
...
PREPARA TU!
Quando ficar velho e achar conspiração em tudo
Tornar-me-ei detetive pra investigar o passado que nunca tive
E... prepara tu!
Serás o culpado por nunca ter me amado!
Clamas inocência?
Pois sei que andas soltando bolhinhas de sabão por aí sem a minha autorização!
Tenho provas, ora bolas!
Crime inafiançável e sem habeas corpus
Culpado!
Culpado!
Culpado!
Olhe pra mim, seu pedaço sujo de meliante incorrigível
Como achas que eu vim parar nessa miséria
Com bafo azedo de maracujá verde
Indigerível?
Tu és o culpado, não te faças de rogado!
E se disseres: como assim? 'não te conheço, nunca te vi bem-te-vi!'
Sacarei prontamente a minha lupa ao teu nariz:
Não tens culpa, hã? Ahãn! PUÃÃÃFFF*
*Baforada do cachimbo de Holmes, o Sherlock - não me provóck!
Meu nome é Miss Marple, Simenon, Poarrô, meu amô!
Em vias de acabar com meus dias
Tu serás preso no ato
Acusado de peculato
Flagrante no delito infracional
Seu maldito animal!
Crias que ileso sairias com tuas crises de pedofilias?
Nã-nã-ni-nã-não...
Corrupção, mérr-mão!
Formação de Quadrilha, que maravilha!
Quem mandou nascer no plantão da minha hora?
Querer passar rasteira em mim, justo agora?
Não não
Quando for velho
Tu serás bandido
Elementar, meu caro amigo
Prepara tu!
...
...
Habemus Habemus Habemus!!!
Divorciei-me do argumento!
Relincho, admito,
Na asnice dum jumento...
Galopo, logo existo!
A mim só importa o sentido
Coice na bunda de todos os mal entendidos!
Não entendo nada, compreende?
Sou antes um receptáculo de carne e sangue
Um troço beligerante
Pulsante
Contra os tecnocratas da razão pensante!
Guerra às academias!
(Mama-Mia!)
Que o reitor vire pastor, por favor
Fora com as antas ordenhadas na inteligência!
Mais amor aos ornitorrincos oprimidos
Menos receitas de comprimidos!
Só acredito no que vejo
Não me venha com 'veja bem, entenda o que há por trás'
Vejo nada!
Ou melhor, vejo sim!
Mas dê-me a ver
Não a crer!
Pode assim?
Um viva a São Tomé
Corajoso driblador de intelectuais
Caneta por entre as pernas do homem de terno e gravata!
Olé!!!
Quero mais conclave
Mais bola na trave
Pitadas de emoção e sensação
Por que não?
(Fumaça branca ou preta?!?!?)
Habemus Papam
Fujam com o Francisco!
Quero outro comício
Viva a cúria com seu chapéu de cuia!
Parem a missa!
Antes da homilia,
Mais simpatia!
O problema da fé está em servir ao invisível
Ora veja
(Vejo nada!)
Isso é risível!
O mágico é o visto, ouvido, tocado, experimentado, abraçado!
Isso sim é pra lá de abençoado!
No princípio era o veto
A tudo o que não há
Para se tocar ou amar
Quem escreveu a bíblia foram doutores
Professores
Detratores do pobre espírito
Que indignado pediu asilo político
Sumindo e rindo
Pra longe da caretice...
Mais careta
Menos mesmice!
Divórcio!
Divórcio!
Divórcio!
...
...
Clap Clap Clap...
Demorarei um quinquênio
Até concorrer a um prêmio
Em ganhando
Subirei ao pódio sambando...
Beijo pra Eva
Que ao morder a maçã
Deu-me essa coisa linda que é a vida pagã!
Adão? Beijo no coração
Não fosse tua bananeira pudenda
Hercovitch não teria-me feito essa maravilhosa renda...
Ai meu Deus, é tanta gente querida no velho testamento...
Um momento!
Vou direto ao fim
Caim!
Te quero assim: sangue nos olhos!
Que prêmio mereço eu?
Uma viagem pra Abrolhos...
Obrigado a todos que por muito tempo mantiveram-me anônimo
E a vocês, rebanho de meninos carentes,
Um brinde com meu desprezo!
Melhor um alcoólatra solitário
Do que um idólatra comunitário...
Demorarei um quinquênio até dizer isso
Antes disso
Ufa...
Vão todos comer chouriço!
...
...
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