terça-feira, 8 de abril de 2014


Dizem que em Portugal as pessoas são tristes
Não só as pessoas, mas a paisagem também, em Portugal, é triste
Um rio corre triste
Sob o triste olhar de quem o olha a correr
De fato, Pessoa é gente triste
Poeta dos mais tristes que não conheci
Mas li
E se nós daqui, herdeiros da língua, somos deveras alegres
Por que não herdamos também essa capacidade de lamentar o que existe?
Por que tudo nos é digno de exaltação, admiração extasiada?
Qualquer coisa, aqui, é objeto de piada!
Não somos tristes! Isso é que não!
Há qualquer coisa de bela nessa imagem de se abrir a janela e antes de agradecer aos céus derramar lamentos por saber que a vida não é um samba enredo qualquer...
Mas esse fado forçado não é auto-penitência!
Longe disso!
É maneira de olhar para dentro e descobrir que horizonte algum é mais amplo do que a alma
Terreno lento, nada ágil, onde é necessário perder-se sozinho, sem anuência de refrão algum...
Por que não somos tristes, meu Deus?
Dizem que em Portugal a alegria é rara
E se de fato isso procede
É para lá que eu vou
Em férias necessárias para o espírito
Livre do corpo e já cansado
De tanto
Rir

...

...

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