terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Respondendo a Miss Y...

Cara Miss Y,
não consigo entender e me surpreendo em saber que as coisas funcionem dessa forma para você e para a Lady Ôxe - ou para quem quer que seja que tenha um pouco de formação humana. A minha vida não está a disposição de pessoa alguma, quanto mais de cliente - graças à Deus a única coisa a que devo satisfação é a minha consciência, tentando, na medida do aceitável, respeitar as diferenças daqueles com quem tenho algum tipo de relação. Eu procurei dentro das minhas possibilidades encontrar a melhor forma de "estar disponível" para sua comadre, e nossa cliente. Combinamos um horário que foi desmarcado por ela e logo em seguida - conforme me foi solicitado - tentei novo contato para resolver a questão, novamente não tivemos sucesso. Tenho um compromisso com meus ensaios de tango- já avisado anteriormente para você - que para mim é tão importante quanto qualquer outra coisa. Recuso-me a imaginar que a minha atividade profissional exija de mim a postura de um servo que ao primeiro chamado do amo coloca-se de pé e a disposição do seu senhor. Se isso para você é fazer parte de um mercado de trabalho e agir como profissional, me desculpe, mas o meu espanto é ainda maior. Surpreendo-me com o seu e-mail. Isso tudo implica em uma atitude para com a vida que não combina em nada com formação ética e humana. O dinheiro que recebo ao final de cada mês - seja ele quanto for - nunca será suficiente para me colocar nesse papel que você exige de mim. Viver para bater cartão, Miss Y? É isso que você assina no seu e-mail. Fico realmente triste em saber que a hierarquia para você significa subserviência, não espere isso de mim, nunca. Você é a minha chefe e sempre me tratou da forma mais respeitosa, humana e profissional - o que me faz ter ânimo e estímulo para o trabalho - agora, por que quando a situação se inverte e aparece um chefão "acima" de nós a regra é: limpemos o tapete para o Doutor passar? Não tenho e nunca tive essa relação com você e não vou ter com sua comadre e com ninguém, nem que eu vá para debaixo da ponte. Isso que pode parecer orgulho para você para mim chama-se liberdade, desejo de viver e ser feliz a despeito dos caprichos dos outros.

Estou a sua “inteira disposição” – atente para as aspas, Miss Y, - para conversarmos sobre o assunto e, se tudo o que eu escrevi lhe parecer absurdo, fique livre para procurar outra pessoa para ser o seu parceiro na Sociedade Papirus

Grato,

Sr X.

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