segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Desejo de término...

Falo com o desejo de silenciar
Mal abro a boca e já me arrependo
Não porque disse demais
Mas porque muito ainda falta para dizer até calar
Que tragédia é ter de correr atrás do silêncio
Desejando-o por um contingente de sílabas, frases, conjunções
Como se fosse preciso matar as pausas até encontrá-las
Esgoelar-se para reter-se, ainda que num segundo mínimo de ausência completa!
Ver a cortinar se abrir e já ansiar pelo instante em que as luzes dirão: FIM
Mas como ser inteiro senão pela dor?
Sem a certeza de que a plenitude não é nunca um estado habitável
Mas um terreno pedregoso de solavancos e manobras arriscadas?
Minha gramática é a do começo que pede pelo fim
Arrepende-se antes de começar
E quando nasce, corre infatigável para encontrar seu destino quieto
Um lugar de não mais
Mas só até acontecer de novo.

...


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