quarta-feira, 18 de setembro de 2013

OCUPAÇÕES INDIGNAS DE URGÊNCIA EMBLEMÁTICA - # O emplacador de placas de perigo.

O Emplacador-de-Placas-de-Perigo cujas placas emplacavam as letras que formavam e ainda formam – se respectivamente enfileiradas na sequência que a gramática lhes conferiu tal significado -, essa palavra cujo sentido diz que há algo de perigoso a ser detectado ao redor ou no perímetro cujo raio de alcance precisamente não sabemos qual seja, emplacava ele, pois, o famigerado Emplacador-de-Placas-de-Perigo, com todos os recursos materiais propícios para essa importante tarefa cujo propósito primeiro e final era (e ainda é) o de justamente alertar aos semelhantes, ou não tão semelhantes assim, o risco que possivelmente todos corremos, ainda que sejamos diametralmente diferentes uns dos outros, ao darmos o primeiro passo para fora de nossas casas que, mui sabiamente, preservamos dos perigos e acidentes corriqueiramente testemunhados, quando não por nós vividos, nas cercanias e pátios públicos que compõem essa rede assassina de perigosas armadilhas sobre as quais os dias de todos, sejamos extraterrestres uns aos outros ou mesmo irmãos de sangue comum, corremos toda santa vez que, enfim, obrigados somos (e seremos ad eternum) a aventurar-nos sob o firmamento celeste com o objetivo de ganhar o pão nosso de cada dia. Portanto ele, o Emplacador-de-Placas-de-Perigo, sábio e cônscio da sua abismal tarefa de salvaguardar as condutas diárias de seus concidadãos - ainda que por vezes não os tomasse como concidadãos de fato e, muitas vezes, desejasse ( e ainda deseja) que a maioria deles padecesse eternamente no limbo profundo do inferno -, enfileirava com adesivos fosforescentes cada uma dessas formas geométricas que compõe o nosso alfabeto de curvas significantes - ou que significam (e ainda significam) quando lidas na sequência de suas significações gramaticais previamente convencionadas -, ordenando cada uma delas dentro de uma chapa de alumínio especialmente recortada para tal fim, seja ele o de emoldurar a palavra PERIGO para que, uma vez emoldurada e fosforescente na sua condição de adesivo resistente ao lusco-fusco, pudesse (e ainda possa) estampar essa tão urgente mensagem que, uma vez fincada no chão com a ajuda de uma haste de madeira especialmente talhada para tal fim, seja ele o de fazer suporte para a placa de alumínio especialmente recortada para tal fim, seja ele, como já dissemos antes, o de circunscrever dentro dos seus domínios legíveis a sequência de palavras que enfileiradas pela convenção da gramática desse a entender que há algo de perigoso rondando as cercanias do sítio cuja escolha, aleatória ou não, coube ao Emplacador-de-Placas-de-Perigo, delimitar como passível de risco eminente. Enfim, cabe a nós reverenciar esse ofício cuja ausência de alguém capaz de perpetrá-lo nos deixaria, ainda que não saibamos como nem porquê, mais inseguros do que já somos, e, havendo alguma alma caridosa que nos diga: CUIDADO, podemos nós, ainda que assassinos contumazes, nos precaver, senão de derramamentos desnecessários de sangue, ao menos de sustos, calafrios ou eczemas produzidos por essa intratável, mas necessária, tarefa de termos de nos aturar diariamente sob o jugo do destino que nos fez, uns aos outros, semelhantes ou não, contemporâneos desafortunados nesse teatro maior chamado vida...

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