domingo, 20 de setembro de 2009

POR QUE?


A distância estreita que separa a vida da morte, o som inaudito de um silêncio que respira por um suspiro terminal, quantos são aqueles capazes de viver de braços dados com a terrível imagem da sua própria derrocada? Um passo em falso e o abismo se abre, corajosos equilibristas que das alturas olham para baixo, anjos tropicantes que gozam da desproporcionalidade de um mundo sem sentido.

Medalhas expostas no peito frondoso dos que preferem o chão às alturas. Basta tocar as nuvens para fazer retinir o ruído oco de meia dúzia de metais fundidos.

Corajosos equilibristas que buscam as nuvens, etéreas formações de compostos inapreensíveis.

Monumentos da arrogância triunfal transformam-se em palco do espetáculo que não cobra ingressos. Olhem para cima! A pequenez daquele que desafia a vida está alojada no mais íntimo recanto dos caminhadores terrestres.

Bendita sois vós, nuvens, que do silêncio celeste abençoa e nos preenche com a nossa mais profunda insignificância de cada dia.

E por que? Para que?

Não há "porquês", somente ação: um pé depois do outro, e lá embaixo o abismo. Caminho sem volta.

Escrito por Francisco Carvalho, à 1 da madrugada do dia 21 de setembro de 2009.

2 comentários:

  1. Depois que eu admiti que não tinha como escapar do mundo das artes finalmente percebi como os “por quês?” são bem mais importantes que os “porquês”.

    ResponderExcluir
  2. Acho que vc vai gostar disso: http://www.youtube.com/watch?v=2lXh2n0aPyw

    ResponderExcluir