quinta-feira, 7 de abril de 2016

Se o infinito escapa-me aos olhos
Guardo o pouco que dele sei para que caiba em minhas mãos
E reduzida a escala de tudo
Vejo a mim
Não mais pequeno como outrora
Senão impossível quanto era
Aquilo que de mim exigia silenciosa reverência.
Duplico eu de tamanho quando invento pequenezas 
Sobreponho-me ao mundo ao trazer ele comigo
Em meu bolso.
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Não sou quem sou
Sou o que faço
E como faço tanto quanto exijo-me a fazer
Sou um fazedor de mim mesmo

Sou aquele quem faz
Para ser quem sou

Que de tanto ser
Impossível de saber
Quem é

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sábado, 26 de dezembro de 2015

Pequena Ladainha para um eterno agradecimento sem fim e cuja razão de o ser paira na falta absoluta de qualquer aparente razão...



Meus parabéns, senhor Correia! Ora, senhor Prado, recebo os seus cumprimetos e já os repasso ao senhor Moraes, que sem a participação decisiva do senhor Silva não estaria eu, agora, nem perto de alcançar tamanha gratificação. Parabéns, senhor Silva! Uma honra receber tão calorosa manifestação de afeto, meus senhores, afinal, o que somos nós senão eternos espectadores do reconhecimento alheio? É aos senhores a quem delego todos esses aplausos e cujo merecimento, sabemos nós, é mais do que evidente. Parabéns! Meus parabéns a você! Eu que o diga! Ora veja! Não seja tão humilde! Um momento, senhores! Penso que seria justo dedicar um tempo a alguns breves testemunhos de cada um aqui presente, caso os senhores não venham a se opor, evidentemente, que pudessem tornar público e norótio, enfim, a alegria que brota dentro dos nossos corações nesse exato momento de profunda alegria. Concordo! Apoiado! É uma ótima ideia. Por que não começamos com o senhor Gomes? Humildemente passo a palavra ao senhor Oliveira. Adoraria aceitar mas acho que por razões óbvias o senhor Vilas-Boas deveria ser o primeiro. Longe de roubar a vez do senhor De Marchi. Criminosos seríamos todos nós, senhores, se atecipássemos o verbo ao do senhor Araújo. Senhores, caso ninguém venha a se opor, evidentemente, eu tomarei a iniciativa desse nosso pequeno circunlóquio festivo. Queiram sentar-se por favor. Verba Gratidaum infinitum latejas quid coracao baetere.



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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Escondo em mim uns duzentos de mim
Não porque o queira escondê-los
Mas porque é preciso que algum deles escape e diga ao mundo:
Prazer, este sou eu

Sou isso:
Uma recusa de tantos outros
Em dizer
Quem sou

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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Quando falo de mim, falo de um eu idealizado
Um que não sou eu, e que - com um pouco de imaginação -, sou eu também 
Ou invento que sou
Uma vez que me é impossível saber quem sou eu por inteiro
Encontro-me comigo mesmo numa imagem maior
Fingindo sumir-me dessa minúscula escala de tamanho da qual sou eterno hóspede 
E refém


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domingo, 4 de outubro de 2015

Gosto mais de aeroporto do que de viajar de avião
O instante antes de a cortina abrir é o que vale o preço do ingresso no teatro
A véspera sempre anima-me mais do que o fatídico dia
Pertenço a esse lugar de promessas não cumpridas
A ante-sala de tudo
O breve silêncio da pausa que precede o primeiro acorde da sinfonia.
Sou feito de contagens regressivas que nunca acabam
Termino quando aconteço.


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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Por fora, mais um soldado raso
Por dentro, um comandante de um exército inteiro de solidão 

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