quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
É por causa desse seu apreço desesperado por um baseadinho, querida Rita, que um monte de gente inocente desgraça a vida... talvez gente que não lhe seja importante, já que o que conta é extravasar essa energia maluca pra dizer ao mundo que o barato é ser livre e desimpedido. Infelizmente para a senhora, querida roqueira dos tempos da ditadura, nós vivemos em uma sociedade, lugar em que os nossos atos públicos devem responder na base da vigência das leis (chama-se democracia, quero lembra-la)... nada contra a sua fumaça da paz, contanto que ela seja fumegada no recanto do seu lar... e para completar, em matéria de agitação popular a favor da violência, aí sim a senhora deu um show... se fosse realmente representante da paz, imagino que preferiria estar tocando cítara em alguma aldeia Hippie ou rolando na areia de alguma praia nudista. E para os que acham que o meu discurso está reivindicando a volta da censura, antes de marcharem na Paulista contra a minha pessoa, basta lembra-los que existe uma diferença muito grande entre liberdade de expressão e desrespeito a ordem pública... que todos possam sempre dizer o que pensam e também sejam responsabilizados quando o seu discurso ultrapassa o campo das idéias e vira ato violento contra a liberdade coletiva.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Não espero lealdade de ninguém, não me encanto com aqueles que conseguem arrebanhar fiéis - um discípulo a mais, outro degrau que o mestre dá em direção a confirmação do seu plágio. Não estou a serviço de ideia nenhuma, ainda que seja a mais nobre delas - essa sempre será a mais perigosa, e a que se revelará a mais catastrófica. Não me acostumo com a publicidade de caráter, nem com o reconhecimento público. A única forma de continuar vivo é na fresta, com o rosto quase que totalmente banhado pela sombra. Me contento com apenas um faixo de luz, um buraco da fechadura que me permite testemunhar as entradas e saídas desse enorme teatro. Feliz daquele que reconhece o seu absurdo!
sábado, 28 de janeiro de 2012
A linguagem humana, construída à base de complexos sistemas, é a mais letal das armas por nós inventada, o motivo gerador de todos os equívocos já testemunhados. As guerras só existiram - e continuarão a existir - graças ao arsenal de vocábulos que possuímos, esses sim, verdadeiros assassinos em massa. Mas e o outro lado? Não há belezas, sentimentos positivos ou razão de orgulho na utilização das palavras? E os grandes poetas? Não nos fizeram ver o que há de mais nobre naquilo que somos e podemos fazer no mundo? A nobreza do sentimento humano só é possível quando confirmamos a impossibilidade da utilização das palavras para expressá-lo, o verdadeiro amor é sempre silencioso, a poesia de fato poderosa é aquela que transforma as letras em notas musicais, conquistando o leitor não pela tradução do seu significado, mas pelo prazer da sua melodia. Os grandes poetas só o foram porque souberam fazer uso das palavras para nos provar o quanto a sua utilização é falha. Todos os grandes carrascos da história se impuseram à base de discursos, tentando nos provar da sua relevância. A palavra só é passível de orgulho quando ela própria assina a sua sentença de morte.
domingo, 13 de novembro de 2011
Os Bandoleiros...
Somos um bando que age em bando, fazendo uso da natureza de bando para buscar adeptos de forma a engordar nossa matilha. O princípio que nos move, por fim, não é outro senão o de angariar aliados para que essa terrível sensação de estar só não nos desmorone por inteiros. Não há razão moral que justifique a condição solitária, se assim está é porque o seu agente padece de algum mal, incompreensível ao sabor do aconchego do grupo.
Tenho especial apreço pelos animais, que enxergam no agrupamento unicamente uma necessidade para a manutenção das funções básicas da vida, inerentes à sobrevivência. É equivocado atribuir o mesmo sentido à nossa raça, pelo menos nos tempos em que se seguem. O outro não nos garante sobrevivência alguma, mas conforto. É pelo conforto revertido em preguiça que nossa razão sedimenta o princípio do bando. Tornamo-nos carentes, fragilizados, pedintes de atenção quando nosso vizinho volta os olhos para o lado oposto, e quando tal fato ocorre, não é incomum culpar aquele que nos ignorou como responsável pela fraqueza que agora se instaura – como ousa ignorar-me? Perguntamos. O que eu lhe fiz? Causas morais, juízos críticos, condenações e absolvições, todas as deliberações retificadoras da idoneidade de nossa raça bambeiam para um lado ou para o outro na medida em que o grupo se avoluma ou perde aliados.
Marchamos em conjunto, e quanto maior for à quantidade de pés que trotam nesse compasso comunitário, maior a certeza de nossa causa, seja ela qual for. As mudanças são conclamadas em praça pública, legitimando o voto do bem pela adesão irrestrita do bando que se forma ao redor do palanque. Costumes, vaidades, soluções, pensamentos, tomadas de atitudes... tudo parece rodopiar sobre o eixo da expectativa do outro. O que são as famílias, as classes sociais, o bairro, a turma do colégio e etc, senão guetos de segurança que impedem o homem de se perder numa solidão desagregadora? Solidão que em nada se assemelha com o perigo de morte, mas com o risco de freqüentar a dúvida de um caminho não pavimentado, necessariamente novo ao andarilho que se pré-dispuser a trilhá-lo.
O bando nos dá a falsa sensação de correção moral e nos coloca na posição de defender o direito ao sedentarismo das opiniões já formadas. Se o princípio da junção traz a idéia de fraternidade entre seus membros, o confronto com outro grupo, ajuntado mediante outros princípios, produz faíscas que impedem qualquer tipo de diálogo entre as partes. Mesmo sem saber o que defender, prefiro posicionar-me à frente do meu amigo para enfrentar aquele que ousa colocar em xeque a união do meu gueto. Guerras, violências, atentados... todo tipo de revolta está associado ao princípio fraternal de bandos que se juntam pelos mais nobres sentimentos, produzindo indivíduos incapazes de freqüentar a solidão e, portanto, impotentes para enxergar além dos próprios umbigos.
Minhas mais sinceras reverências aos viajantes, corajosos portadores de almas estrangeiras que não se permitem criar vínculos a nada nem a ninguém. Experimentar a distância entre os seres humanos, essa mesma praticada naturalmente há tanto tempo pelos animas que nos cercam, talvez seja a melhor maneira de evitar essa vaidade estéril de carência sentimental que tanto nos coloca em confronto.
Escrito por Francisco Carvalho. 14.11.11
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Marchemos pela marcha, desmarchalizando-a! Hop! hop! hop!
Atenção! Amanhã, marcha pela desmarchalização da marcha! Marcharemos daqui até lá, porque é marchando que se chega lá. Chegando lá, voltaremos até daqui, nesse caso, de marcha à ré, porque quem marchou na ida, marchará na volta, e uma vez marchando, marcharás para todo o sempre (eu marcho, tu marchas, eles marcham, vós marcheis, papel marchê). Durante a marcha, entoaremos o marcha soldado cabeça de papel, quem não marchar direito vai preso no quartel... QUARTEL? EL! EL! EL! FORA QUARTEL! EL! EL! EL! CABEÇA DE PAPEL! (papel marchê). Na volta da marcha, quando marchares sozinho, aconselhamos que assobies a marselhesa, para que jamais percas o hábito de trotar... marchons! marchons!
sábado, 7 de maio de 2011
CONTRA UM MUNDO MELHOR!
Levanto a bandeira: Sou contra um mundo melhor!
Desde que Eva abocanhou a bendita maçã da árvore do conhecimento do bem e do mal, desrespeitando a divina advertência, o homem experimenta a vida na base da malandragem. Graças a Deus! Ou melhor, graças ao Demo! Não fosse a cobra endiabrada colocar um pouco de pimenta no caldo, quão sem graça seria a nossa passagem pela terra! Prefiro pensar toda essa aventura como um roteiro de filme nonsense, onde os temperos estão aí para serem combinados, do que flanar no Leblon, assobiando bossa nova numa novela insossa do Manoel Carlos – repare que o prato dos bonzinhos, nessas ocasiões, vem sempre guarnecido por um violino melodioso ao fundo, chamariz maniqueísta de uma existência sem sal – e mentirosa!
Alerta de perigo!
Como a malandragem nasce de uma experiência íntima, atributo do berço da natureza humana (Eva rouba o fruto na surdina), ela é de difícil persuasão e não recorre facilmente a consensos, haja vista que está mais ocupada em encher a própria pança do que aprontar a mesa para os outros se servirem. Não satisfeito, o homem deu um jeito de malandrear a si próprio, elegendo malandros de carteirinha para elaborar cardápios suculentos capazes de direcionar a malandragem alheia para uma refeição desejável, comandada agora por uma voz de poder, ainda mais malandra do que a do restante dos malandros. A esse processo deu-se o nome de democracia. Finalmente formaram-se as instituições, vozes altamente sacanas de um governo malandro. Amém!
E Deus disse a Moisés no monte das Oliveiras: sejais comandados e não perguntais o porquê! Vossa recompensa virá da vossa subserviência (piscadela de olho)...
Se a igreja católica nomeou o acontecimento da maçã como a primeira indigestão pecaminosa da história, condenando o homem a sua própria sorte, é por culpa do bem alimentado Vaticano que hoje nos aplicamos ao máximo para cumprir à risca a seguinte receita:
VOZ DO ALÉM (com eco!): Comportem-se bem à mesa que serão servidos com os mais apetitosos quitutes, caso contrário: estômago vazio lá no Boteco-do-Cão.
E eis que toda a sociedade assina embaixo da sinopse melodramática, separando o homem a partir de qualidades justas a um banquete farto, daquelas outras, mensageiras da fome. Inaugura-se a ideia de um homem bom, passível de admiração e incorruptível, em contraposição ao homem mau, dotado de falhas capazes de azedar qualquer caldo de galinha... agora trata-se de escolher o modelo ideal. Quem é que se arriscaria a perder a mão logo no prato de entrada? Melhor abrir o livro de receitas para evitar imprevistos!
Quantos centros de treinamentos surgiram desde então! A escola ensina o aluno à importância da disciplina, é preciso acordar cedo para decorar fórmulas vazias sob o risco de morrer de inanição na cozinha do vestibular. As faculdades aprimoram a técnica ao máximo, obrigando o pupilo a servir adequadamente os aperitivos ao futuro chefe, mestre cuca do mercado corporativo, que só aceitará dividir uma fração do seu antepasto depois de raspar os anos de gordura das mãos do seu subalterno – já nesse estágio o Rei Momo estará empunhando um coxão de frango, esperando que sua baba seja eficientemente enxugada pelo servo contratado. A vida mede-se por pontuação, os mais competentes a cumprir ganham terreno e alcançam novos andares na escala da servidão.
A malandragem, tão cara ao comportamento criativo individual, abre espaço para a ditadura do politicamente correto – o bullying social é condenado como crime inafiançável, sujeito a aplicação de palmadas por parte dos mocinhos do bem. Mal sabem eles, típicos heróis do Bang-bang, que é justamente essa ditadura da correção a responsável pela produção das mais tenebrosas atitudes na esfera coletiva. Todas as vezes que se tentou consertar alguma coisa referente às atitudes do homem, mesmo sob as mais admiráveis justificativas, os resultados foram estarrecedores. A busca pela “raça pura” deu no que deu, os regimes que almejavam o bem coletivo só fizeram banhar de sangue a casa dos inocentes, o banimento da consciência da nossa torpeza só nos trouxe como herança um dogmatismo emburrecedor, tapa-olhos de uma ignorância ególatra.
Enquanto isso, os americanos urram pelo touchdown marcado contra Bin Laden, chacoalhando ferozmente suas bandeirinhas coloridas. O bem finalmente venceu o mau; Obama e Osama, duas faces de uma mesma moeda.
U-S-A! U-S-A!
Já se vão não sei quantos anos desde o anúncio de Nelson Rodrigues a respeito do surgimento de uma nova classe de toupeiras nas redações dos jornais, os “idiotas da objetividade”, aqueles que buscavam retratar as notícias de forma asséptica e imparcial. Ao quererem alcançar a plenitude da informação, disseminaram a prática da anulação da opinião individual, essa mesma que é dramaticamente silenciada pelo cenário globalizado e tecnológico. Hoje, a bandeira das “antas da civilidade”, formada por clamorosos defensores de um mundo melhor, nos afasta do nosso potencial criativo, que é por princípio anárquico, malandro, condenável e solitário.
Se o homem já nasce condenado por uma existência que não lhe dá possibilidade de escolhas, que o deixem aproveitar a sua miséria, o esforço por torná-lo melhor, menos medíocre, é justamente a via pavimentada que o leva ao silêncio do anonimato, esse sim um terreno perigoso e deprimente. Que os desejos deixem de ser inconfessos e as paixões rasguem a camada superficial da pele!
É preciso reivindicar o espaço da malandragem, do politicamente incorreto, dar chance a verdadeira liberdade de expressão que nos permita ingressar pela experiência de uma solidão pecaminosa... Que venha Eva novamente surrupiar o que lhe fora proibido!
NHAC!
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