sábado, 9 de fevereiro de 2013

SUMIR!



Nesse palco de tábuas impositivas
Cuja cortina já nos veio levantada
Deixo o centro para os exibidos
E lá das bordas, longe dos aplausos
Visto-me no canto dos escondidos.

Já que do teatro é impossível fugir
Por que tanta força para existir?
Esses que querem ser vistos
Podem tudo
Menos o que de melhor há para se fazer:
Fingir.

São o que são
Sempre aquilo
E com a máscara do eu mesmo
Entram e saem com a mesma expressão
Reféns do barulho duma audiência
Toda moldada e sem qualquer imaginação. 

Haja paciência!

Eu não
Eu quero falsear
Ser eu não sei como fazer
E na corda bamba da vida
Inventar quem nunca fui
Para ser

Deixar de ser para ser qualquer um
E para isso: desaparecer
Rejeitar os que querem a todo custo me ver
E com isso descobrir quem sou
Um quem nunca fui até acontecer
Para então de novo sumir.
Até mais
Prazer!

Até que enfim!
Fim!
Onde?
Cadê?
Já não mais.
Cabô.

Era uma vez
Um que não era eu
Mais uma vez.

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