No conjunto das obras dessa vida, houve quem soubesse
recusar o curso dos capítulos.
E no vento das páginas viradas, manter-se longe do amarelo
do tempo.
A esses personagens o instante basta,
Pois fazem do que vem depois um futuro sem causa, não
valendo o preocupar-se.
Já eu, que nunca me soube ver no agora, sábio do epílogo que
reserva-me o adiante,
Rendo louvores a esses que vivem vivendo
E não adiando.
Como gostaria de ser assim, entregue ao que me é justo,
cabendo no possível.
Mas como, então?
Se num simples poema como esse já antevejo o verso que vem
depois?
Um que não foi escrito, mas avançando no que é dito,
precisará ser!
Assim como o autor dessas linhas, atento ao ponto em que tudo
termina,
O poeta, e também a rima.
Ai de mim,
Escrevo já pensando no fim.
Mas disso também gosto, porque misturar-se ao ocaso das
coisas é mais do que fadiga assumida,
É melancolia de absoluto,
Sentido de um pleno que ralenta a vinda.
E se não vem,
Que mal tem?
Um desejar já é viver...
E mesmo que nunca no agora,
Tomo a mim essa demora,
Condenando o que sou num eterno [e delicioso!] reescrever.
...
...
...
...
"Por que é que as coisas um instante antes de acontecerem parecem já ter acontecido?"
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