terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O AQUI DAQUI A POUCO...



No conjunto das obras dessa vida, houve quem soubesse recusar o curso dos capítulos.
E no vento das páginas viradas, manter-se longe do amarelo do tempo.

A esses personagens o instante basta,
Pois fazem do que vem depois um futuro sem causa, não valendo o preocupar-se.

Já eu, que nunca me soube ver no agora, sábio do epílogo que reserva-me o adiante,
Rendo louvores a esses que vivem vivendo
E não adiando.

Como gostaria de ser assim, entregue ao que me é justo, cabendo no possível.

Mas como, então?
Se num simples poema como esse já antevejo o verso que vem depois?
Um que não foi escrito, mas avançando no que é dito, precisará ser!
Assim como o autor dessas linhas, atento ao ponto em que tudo termina,
O poeta, e também a rima.

Ai de mim,
Escrevo já pensando no fim.

Mas disso também gosto, porque misturar-se ao ocaso das coisas é mais do que fadiga assumida,
É melancolia de absoluto,
Sentido de um pleno que ralenta a vinda.

E se não vem,
Que mal tem?

Um desejar já é viver...
E mesmo que nunca no agora,
Tomo a mim essa demora,
Condenando o que sou num eterno [e delicioso!] reescrever.

...



...

Um comentário:

  1. "Por que é que as coisas um instante antes de acontecerem parecem já ter acontecido?"

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