terça-feira, 5 de junho de 2012

Chuva ácida no cocuruto do Cristo...



(Play) O Rio de Janeiro continua liiiiindo. Alô, alô Terezinha... (Pause) Tchuru ru ru. Aquele abraço, caro leitor. Quem vos fala é o jovem guerreiro (velho é a mãe!), aquele jovem que teve a brilhante e mal gerida ideia de vos escrever algo uma vez ao dia. E só escrevo unicamente para satisfazer vossa lacuna diária de poesia. Do contrário, desistiria já. Sou altruísta! Preocupo-me com você. Se é para o bem geral de todos e felicidade geral da nação, eu fico! Eu sou um poeta! Sirvo-te, pois então. Aquele abraço a todos que me lêem. Não mando beijo porque beijo não tá na música. E também eu não te conheço a ponto de sair beijando. Um abraço já está de muito bom tamanho. Nada de chororô, sinta-se feliz. Afinal, também não saio abraçando todo mundo, só abraço gente como você, que lê meu blog. E você não está sozinho. Praticamente toda uma China comunista lê o meu blog. Sou o único blogueiro autorizado pelas autoridades do Xing-Ling a desbravar as terras virtuais do Mao Tsé-Tung, eu e o Marco Polo. A única exigência é que eu continue a escrever em português. Aceitei! Não sou bobo nem nada. Mas chega de peripécias onomatopaicas e vamos direto aos eufemismos metafóricos que recheiam de conteúdo esse périplo intelectual. Ontem prometi uma homenagem ao Rio de Janeiro, mas foram tantas emoções... aliás, está aberto o concurso de seleção de terroristas para afundar com torpedos nucleares o cruzeiro do Roberto Carlos no próximo verão. Para quem não for classificado na primeira lista, haverá uma repescagem para garantir vaga no coral que entoará o ‘Jesus Cristo eu estou aqui’ enquanto o Rei afunda com a embarcação. Pobre Celine Dion, perdeu o trono. Vamos ao que importa. Havia reservado uma homenagem ao Rio de Janeiro para ontem. Não deu certo. Me enrolei. E como hoje é terça e terça nunca é dia de homenagens, permaneço com o tema e abandono a homenagem. Ao invés de confetes e purpurinas, vou de chuva ácida! O Rio de Janeiro é um negócio que nunca vai dar certo. Alguém duvida? Calma lá! Não falo dos cariocas! Os cariocas são vítimas. Vítimas de um estigma maligno que envenena o solo fluminense. Uia! Falei agora como um arauto de tragédia grega! Mas a tragédia de hoje é em terra tupiniquim. Na verdade, não é a terra propriamente o local onde o problema se encontra. Ao contrário. A encrenca galgou morro acima e foi se instalar no topo da montanha. No topo desse nosso Olimpo-de-bananas encontra-se o Cristo Redentor! É o Cristo Redentor, senhores, a figura que empaca a vida dos habitantes da baía de Guanabara. Explico. Não é possível uma cidade dar certo quando um respeitável sujeito de pedra-sabão se posta dignamente no corcovado para lá de cima gritar com seu vozerio à La Cid Moreira aos anõezinhos cá de baixo: ‘Liberô geral, meu povo!’ Sim, porque é exatamente isso o que acontece quando o Divino abre os braços. Se Ele não abrisse os braços o Rio de Janeiro estaria a salvo. Mas Ele abre. Um abraço da condenação. Uma atitude altamente reprovável quando o alvo é a humanidade. E o que mais me deixa indignado é ter eu, um pobre mortal, a obrigação de alertar o Criador do seu retumbante equívoco! Será que Ele já se esqueceu do que diz o oitavo pecado capital? Lembro-te, ó Senhor! O oitavo pecado capital é justamente esse: ‘jamais sejais condescendente com a pilantragem do próximo.’ E afinal não é isso o que acontece? Basta um condenado cometer alguma infração para depois olhar pra cima e se sentir absolvido pelo terno abraço do Cristo. É esse abraço redentor que rebenta com a vida dos cariocas. A pilantragem é tão deslavada na terra do Chacrinha que não há pudor algum em se expor publicamente as vergonhas. Os pecados vestem tangas no Rio de Janeiro. Os vícios se enfiam no loló tal qual shortinhos das popozudas do funk. E quem de vós, caros leitores, é capaz de achar alguma solução para quem gosta de um pancadão? Não! O funk é a UTI do mundo. Morte cerebral! Morte cerebral sem qualquer possibilidade de doação de órgãos! Quem aceitaria receber um coração bate-estaca-do-tigrão? Tudo podre! E assim, cada um é convidado a rebolar suas desmoralidades na praia do tudo-vale! Não é a toa que ‘Vale-Tudo’, a novela, também tinha como cenário o Rio de Janeiro. E além disso tem essa coisa do corpo malhado na academia. O vício é tão idolatrado que precisa ser talhado para virar motivo de orgulho. Já que é para mostrar os pecados, que eles estejam então bem definidos e visíveis! Tudo por culpa de um abraço que vem lá de cima! Alô, alô Terezinha... aquele abraço! Lembra, caro leitor, daquele filme fatalista chamado ‘2012’? Nesse filme há uma cena em que o Cristo Redentor aparece desmoronando. Hollywood queria falar do fim do mundo e acabou dando a solução para o Rio de Janeiro. Porque assim não dá! Ou alguém acredita que depois das Olimpíadas o Rio de Janeiro vai se emendar? Eu não acredito! Só acredito nessa redenção quando o Redentor vier abaixo. Abaixo ao Redentor! Não sei nem porque faço essa campanha! Não moro no Rio de Janeiro. Não sou carioca. Não moro no Rio de Janeiro nem sou carioca. Mas sou sensível a dor alheia. Sou um poeta de sensibilidade à flor da pele. Veja, não digo que não haja pilantragem aqui onde eu vivo. Ao contrário. Aqui a pilantragem corre solta. Talvez haja mais pilantragem aqui do que no Rio de Janeiro. Eu mesmo sou um pilantra. Mas aqui os procedimentos de fabricação da pilantragem são diferentes. Diferentes e mais dignos da nossa imagem de bons moços. E nessa vida, imagem é tudo. Em matéria de sacanagem os procedimentos são tudo! A sacanagem aqui é de gabinete, muito mais educada, refinada e condizente a um filho pródigo que não precisa recorrer a abraço redentor algum. Ao invés de abraçar o Salvador, fuzilamos o vizinho. É um método mais avançado de civilidade. Mais avançado justamente porque o Divino está bem longe. É isso que nos salva. Aqui não existe o famoso ‘cada um por si e Deus por todos’. Aqui preferimos o ‘cada um por si’ e Deus que se manque! Jamais o vício veste sunga por aqui. Aqui encobrimos nossa vergonha com terno e gravata. Uma vestimenta muito mais sofisticada. Quanto mais sofisticação, mais pecados hediondos. É isso! Os pecados do Rio de Janeiro pertencem a pré-escola da cafajestagem, não tem qualquer glamour, são de fácil condenação. É por isso que o Rio de Janeiro vive patinando na vitrine da corrupção de botequim. Quem elege um Garotinho e uma Rosinha como governantes não pode estar falando a sério! Aqui preferimos um Maluf! Maluf é um nome que carrega uma dignidade infinitamente maior. Maluf é árabe. Todo árabe merece respeito, por mais pilantra que seja. Não se come uma esfiha de boca aberta, repare! Maluf é um Don Corleone. Garotinho e Rosinha são companheiros do Bob Esponja. Aqui, longe do Rio de Janeiro, somos muito mais civilizados. Mas essa não é uma característica intrínseca a nós. Não, não. Só chegamos a esse patamar de evolução porque não tivemos contra nós um Divino de braços abertos. Aqui não há Cristo Redentor. Ninguém acredita em redenção por aqui. Somos canibais mesmo, sem fingir absolvição. É isso que falta ao Rio de Janeiro para se emancipar. Nenhum monumento no mundo é tão ultrajante como o Cristo Redentor. A estátua da liberdade aponta a tocha para cima num gesto de ‘para o alto e avante!’. A torre Eiffel é uma esfinge de sobriedade metálica. A própria esfinge do Egito é um gatão sem nariz. Nenhum deles dá a mínima para os seus habitantes. Não há condescendência possível. O erro do Cristo Redentor é olhar para baixo e abrir um abraço, dizendo: ‘vinde a mim, ó criancinhas’. Alô, alô torcida do flamengo: aquele abraço! Eu gosto da terça feira porque na terça feira eu me dou o direito de praticar minha acidez. Sou ácido. Ácido e pilantra, como já disse. Quer uma prova? Hoje não, amanhã. Amanhã lhe dou uma prova irrefutável da minha pilantragem ácida. Quarta feira é dias das provas irrefutáveis. Hora de estudar para a prova de amanhã. Até lá...    

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