O barateamento da ponte-aérea Pequim-Praça-da-Sé tem ajudado a aumentar a ocorrência de um fenômeno moderno batizado pelos especialistas demográficos com o nome de ‘chineização-da-população-da-terra-da-garoa’. Antes acostumados ao ônibus-leito que cumpria a rota Marco-Polo-Rodoviária-Tietê, os habitantes da terra-do-espetinho-de-escorpião-frito costumavam chegar em menor número a nossa querida cidade. Agora, porém, seduzidos pelos preços mais em conta em razão da concorrência entre as companhias aéreas, não é raro observar congestionamentos homéricos de Boeings 747-400 da Air-Xing-Ling na pista de pouso de Congonhas – muitos dizem que a 23 de Maio enciumou-se ao ver o seu reinado de estacionamento-a-céu-aberto ser ameaçado com um xeque-mate pelos mastodontes do Mao-Tsé-Tung. O fato é: um formigueiro diário Made-in-China passa pelas nossas alfândegas, depenando todo e qualquer free-shop que apareça no meio do caminho. Os gafanhotos do Antigo Testamento caberiam em duas kombis, se comparados ao contingente de olhos puxados que desembarcam religiosamente até nós. Resultado óbvio: é chinês pra tudo quanto é lado! É só sair na rua para dar de cara com um chinês. O fenômeno de chineização da capital da fumaça atingiu tal extremo que medidas jurídicas já começaram a ser tomadas para abolir o tradicional bairro chinês, o sempre fedorento e agridoce China Town. O motivo é mais do que justo, já que não há mais razão para privilegiar um único bairro com o título oriental sendo que a China está literalmente espalhada por toda a Town. Há quem defenda que o antigo quadrilátero-do-rolinho-primavera vire um gueto ao contrário, abrigando agora os legítimos filhos da terra do Padre Anchieta – tremores na bancada dos defensores dos direitos humanos! Contra a separação das raças! Direitos iguais a todos! Nada como um DO-IN chinês no cocuruto para acalmar os nervos e adiar, pelo mesmo por enquanto, a inadiável revolução da Praça-da-Sé-Celestial, eternizada pelos arquivos jornalísticos na foto da figura de um vendedor de churrasco-chinês proibindo a passagem de uma fila de camelôs-blindados! O fato é: espirre prá ver! Um chinês aparece imediatamente lhe desejando ‘saúde’ em mandarim! Tem chinês saindo pelo ladrão. Outro dia estava eu distraído a navegar pela internet – mares até então nunca d’antes ameaçados pela frota do frango-xadrês -, quanto eis que a foto de um Chinesinho brejeiro aparece na minha página do Facebook, pedindo encarecidamente para que eu o aceitasse no meu rol seleto de amigos ocidentais. O que fazer? Recusar seria pior, afinal, quem nunca balançou na base ao ouvir falar da grandiloquente estratégia militar empregada nos tempos da dinastia Ming quando todo o exército Chinês conseguia ocupar o terreno inimigo em não mais do que cinco minutos? Os livros de história não deixam mentir! Quando o negócio é ocupar, a China domina a técnica do arrastão, técnica essa que aos poucos foi sendo transmitida para a torcida do Corinthians, hoje sediada num dos bairros mais chineses da nossa cidade, o bairro de Xangai-Itaquera. Exatamente a mesma técnica de ‘dominô-geral’ é empregada também nas ruas do centro de SP, como o que ocorre rotineiramente na conhecida rua de bugingangas chinesas, grafada pelo nome de 25 de Março. Resolvi não titubear e aceitei o Wai-Chu-Tai como meu brother virtual. Terrível ideia! Na semana seguinte quase toda a minha lista de amizades era composta por chineses, uma legião de amarelos que eu nunca na vida havia travado contato pessoal, mas que lá atracavam em segurança e sem qualquer cerimônia, promovendo uma verdadeira Cruzada chinesa via banda larga. E o incrível aconteceu. Ao lavar o rosto pela manhã, depois de acordar normalmente, notei um leve abaulamento da circunferência ocular de ambos os olhos. Olhei-me no espelho. Espanto! Estava virando eu próprio um Chino! De noite o processo já estava resolvido por completo: agora eu era um legítimo Chinês em terras Paulistas. E uma vez Chinês, sempre Chinês! Como diz o famoso hino do clube rubro-negro Chinês, fundado por chineses-paulistas em terras cariocas – que paulatinamente também vão sofrendo processo orientalizante semelhante. A questão é: o mundo está virando uma China, com chineses saindo pelo ladrão. Muralha da China nenhuma dá conta de impedir a maré-tsunami-de-chineses que diariamente nos engole. Talvez seja necessária uma campanha de Des-Chinização completa do planeta, iniciando com a temporada de caça-ao-chinês. Enquanto isso não acontece, o jeito é programar umas férias na Groenlândia. A Groenlândia, pelo que ouvi falar, ainda não foi invadida pelos chineses... talvez caiba a mim, o novo Marco-Polo-Tupiniquim, essa tarefa de colonização. Mas não fale alto! Não quero seguidores! Só desejo um pouco de paz de espírito, todo chinês recém convertido aos olhos puxados tem direito a um pouco de sossego... São Paulo virou uma China comunista, não dá mais! Vou comprar minha passagem. Groenlândia, aí vou eu!
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