Não acredito que o papel do artista seja esmiuçar as suas entranhas emocionais para oferecê-las ao espectador, isso mais parece com um exercício autoritário de auto aceitação, distante de qualquer generosidade poética. O artista, ao contrário, deve sumir, desaparecer, evaporar, fugir do seu íntimo e abrir espaço para deixar passar a obra que deseja comunicar. O artista deve forçosamente estar à se
rviço de algo maior do que a si próprio, e toda tentativa de aproximação emotiva é um passo na direção de reduzir a poesia. O artista, para manter plena a sua arte, nunca deve encontrar-se naquilo que quer dizer, deve permanecer estrangeiro, longe para produzir intervalos. Os intervalos são mais importantes do que qualquer coisa. O vácuo, o silêncio, a pausa, a incomunicabilidade entre artista e obra é tão ou mais importante que a sua assimilação interna. Essas fissuras vazias não querem dizer que o artista está isento daquilo que faz, apartado de envolvimento pessoal. Ao contrário. É a distância que o permite conduzir. E conduzir é infinitamente mais emocionante do que perder-se na lágrima que brota de si próprio. Conduzir exige chamar o espectador para uma jornada. Não há jornada se não há a abertura de espaços para caminhar. A jornada é o que conta. O resto é recheio vaidoso sem valor algum.
BRECHT APOIADO?
ResponderExcluirOU PARA ELE A DISTANCIA NÃO É CONDUÇÃO MAS SIM REFLEXÃO.
MUITO BONS SEUS TEXTOS
RONEY
Adoro Brecht, Roney! Mais pelo que ele diz sobre o ofício do ator do que por suas peças propriamente. Não sou melodramático, definitivamente! rs! Obrigado pelo comentário! Abração! Chico
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