sábado, 28 de março de 2015

Fábulas: # O filtro de verbos...



Descobriram um filtro que seleciona o dito daquilo que vale a pena ser dito em paralelo ao que é simplesmente dito sem que se diga coisa alguma. E como é praxe não se dizer nada, ou quase nada, e no meio do tanto que se diz sem que se saiba o que se disse, o tal do filtro acabou virando uma espécie de oráculo disputadíssimo onde todos acorriam com sua bagagem de verbos-jorrantes aos borbotões, e cuja principal palavra brotada das engrenagens acionadas, ou expressão revelada, ou verdade inalienável nascida, fruto de repetições quase que recorrentes e infinitas, era, enfim, somente um curto e incisivo, e não menos sábio, NÃO...

- E o mundo, e os que nele habitam em palavrórios, finalmente estancou, estacionou, numa imprevista e celebrada felicidade de recusa, e devolvendo os pensamentos ao seu lugar de pertencimento, ou seja, ao misterioso e inaudito silêncio da consciência de cada um.


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