Os indignados são sempre solitários. Porque essa coisa de coletividade é sempre um aprender a resignar-se na dignidade indigna. E os indignados, ao menos os indignados verdadeiros, nunca juntam-se para indignarem-se em grupo e exigir maior dignidade de outros, sejam lá estes quem forem. Os verdadeiros indignados sabem perfeitamente bem que não há responsáveis diretos pela indignidade da vida, ou todos o somos, o que, em ambos os casos, anula a ideia de eleger alguém, ou 'alguéns', como autor(es) da nossa miséria indigna. E essa, precisamente, é a maior das bobagens: a indignação é o motor de mudanças! A indignação é por demais preciosa para ser confundida com revoluções progressistas. Um verdadeiro indignado preserva para si a sua indignação porque sabe que é ela um bem verdadeiro e incorruptível. E tudo o que é compartilhado, sabe o indignado, é coisa passível de corrupção, ou, ao menos, de tempo deveras perdido na tentativa de convencer o mundo de que é preciso indignar-se.
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