Em recente escavação arqueológica num dado sítio dos
recônditos improváveis da Mauritânia, misturado aos cacos de cerâmica do
neolítico, foi arrancado da terra um vaso intacto, em cujo interior, não menos
intacto, jazia encolhido o fóssil de um homem honesto, e de preservação tão
impressionante que ainda dava-se a sorte de vê-lo balbuciando a sua última
frase. O arqueólogo-chefe da expedição requereu, então, que imediatamente lhe
trouxessem um amplificador auricular para não perder a chance de ouvir o que aquele
Matusalém-Jurássico havia a mastigar tão baixinho, imaginando que a força de
seu maxilar não suportasse tanto tempo o rarefeito cheiro da atmosfera moderna
e, enfim e por fim, calasse-se para todo o sempre. Uma vez chegado o
cone-amplificador, dobrou-se o arqueólogo-chefe até à distância de ser possível captar qualquer mínimo ranger de dentes, e foi então
que pôde ouvir em muito claro e bom som:
- Vão todos à merda!
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