segunda-feira, 25 de março de 2013

BARATA-DRAMÁTICA...



A barata driblou a metafísica
Poetizou-se, ou, anti-ética
Vestiu-se de barata para zombar da poética...

A barata subiu ao palco e foi com o ator ter
Escalou as suas montanhas de invisíveis histórias inventadas 
E lá no alto, 
Cordilheira de lorotas rarefeitas 
Fincou sua presença,
Fez-se barata!
Desmoronando a cena...

Uma barata é sempre uma barata
Seu solilóquio da vida nada subtrai...
Só ao ator
Complexo mas incompleto
Cabe a audácia de fingir viver o que não se é...
Uma barata-atriz é improvável
Um ator entregue à esquina da sua existência é arbitrário
Barata e homem são irmãos em existência, mas ao contrário...

Uma barata-dramática subiu ao palco
Mas nada de drama!
Só verdade
E dos outros que da mentira fazem os pulmões inflar
Um peteleco de consciência foi-lhes dado a ver
(Ah se Shakespeare soubesse..)
Os precipícios doloridos de Hamlet nunca ganharam tanto sentido!
O que somos nós senão bobos rodando atrás do próprio rabo enfeitado?

Ser ou não ser, eis a questão?
Está aí o que a barata não disse
Dizendo sem dizer...

Findo o espetáculo:
Aplausos
De braços dados com as graças da poesia
A barata não o faz...
Entedia!

Sábia barata!

...

...

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