O dublador mímico-facial de vozes famosas e não tão famosas
notabilizou-se por isso, por dublar vozes famosas e não tão famosas ao
emprestar seu repertório mímico-facial para as tais vozes sem rosto, fossem
elas famosas ou não tão famosas. E era de tal maneira talentoso naquilo a que
se propunha fazer que - a despeito de qual voz lhe caísse às mãos -,
imediatamente sua máscara ajustava-se ao mastigar sonoro daquele dono invisível,
fosse ele famoso ou não tão famoso, homem ou mulher, coisa humana ou animal, animal famoso e não tão famoso. E
ficou famoso, ele, o dublador mímico-facial de vozes famosas e não tão famosas,
e tão famoso que o programa de maior audiência da televisão nacional o convidou
para uma exclusiva entrevista no horário nobre. E foi quando abriu a boca pela
primeiríssima vez que todo o universo de admiração evocado por sua mudez carismática
veio abaixo. Ouvi-lo era terrível, quase um acinte à saúde dos tímpanos
alheios, praticamente um assobio ranhento e fanho que maltratava qualquer gramática,
fosse ela talhada ao formato erudito, ou mesmo adequada aos desvarios das gírias
populares. Enfim, eis o fim meteórico da não menos meteórica carreira do
dublador mímico-facial de vozes famosas e não tão famosas, que após dar a conhecer os grunhidos escabrosos de sua
gutural garganta nunca mais pôde fazer-se silencioso, ainda que dublando de
maneira magistral o mais variado escopo de vozes esquisitas ou não, vozes
humanas ou de animais, vozes famosas e não tão famosas...
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