Fábulas: Engenhocas espetaculares - A Catapulta Gigante.
Recusados os meios tradicionais de busca e conquista da liberdade, um dado sujeito de inconformismos latentes, um sujeito desses sujeitos que não desistem nunca de ver a sua ideia fixa tornada ideia concreta, resolveu construir uma catapulta gigante que pudesse o catapultar para longe dos muros da cidade, os mesmos muros que aprisionavam quem dentro de seus domínios estivesse feito sardinha na lata, e, uma vez livre da cidade, liberto também estaria daqueles outros todos que adoravam tê-lo como sardinha, uma vez que é hábito das sardinhas andarem unidas e solidárias umas com as outras, condição que as torna pouco ou nada atentas para a consciência de que são elas irremediavelmente sardinhas de fato e não lambaris, e que, curiosamente, desconhecem também as fronteiras da lata que as fazem sardinhas unidas, lata que só é lata porque é preciso haver sardinhas para trancafiá-las. Enfim, catapultado para longe, morreu espatifado bem no centro do muro, o mesmo muro do qual teimava em ver-se livre, e, se é correto dizer que neste mundo não alcançou o que queria, mistério obsequioso é esse o de conjecturar se lá, do outro lado, do lado desconhecido onde tantos cardumes já foram e não voltaram, conseguiu, finalmente, ultrapassar a qualidade de sardinha enlatada para, ufa!, a de lambari ligeiro...
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