segunda-feira, 18 de maio de 2015

Exagero quem sou
Porque não sei quem sou
Mas, se enxergo o exagero
Enxergo também o que não poderia
Jamais
Ser

Sou quem sei
Que não
Sou

A máscara 
Ao anular-me
Mostra-me a mim

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sexta-feira, 1 de maio de 2015

Comunicados Urgentes e Oficiais: # O Dia da Labuta...

Senhores! Venho por meio desta dar-vos a dizer que neste dia azeitado pela preguiça da labuta-comemorada, quando justamente não se labuta patavina nenhuma para poder comemorar o fato de não precisar labutar, inaugura-se, enfim, a sábia consciência de que é infinitamente mais proveitoso deitar o vosso grisalho bigode no vinagre do tédio a ter de, evidentemente, fazer dele o protótipo do que já é e mostra-se ser e por infindáveis alvoradas pregressas - seja devido ao impulso viciado do hábito adquirido, ou, então, por força da correnteza sádica da vida -, ou seja, enfim e portanto, um bigode-operário a serviço dessa indústria de bigodes-operários que não faz outra coisa senão embigodar de pelos encaracolados a existência a qual foi nos dada a patinar. Cônscio da presente ementa e nutrido do poder da lábia comunicativa {a qual não posso furtar-me o talento de adquirir}, venho por meio desta alertar-vos em carinhoso apelo humanitário: vão todos pastar! Ou melhor: pastai, senhores! Pastai enquanto é possível que pastem! E no lento ruminar do capim em vossas mandíbulas travadas por dentaduras encariadas, lembrai de que hoje é o dia de cofiar vossos grisalhos bigodes, senhores, e, permitam-me dizer, a cofiação, afinal, é verbo imperativo, o único que, de fato, valeria a pena conjugar hoje e sempre.
Grato.
A Direção.
*** Obs: O miserável que por desgraça da providência divina veio a este teatro de misérias destituído de um bigode (grisalho ou não grisalho) por debaixo da napa, que vá ele se virar nalguma loja de disfarces e o adquira em prestações que lhe caibam no vazio e esfomeado do bolso...


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Comunicados Urgentes e Oficiais: # Declaração de amor ao Cão...

Senhores! Venho por meio desta pedir-vos que tapeis vossas pestanas enxeridas e sedentas por bisbilhotar impressões alheias impressas nessa tábua dos mexeriqueiros virtuais porque desta vez farei eu uma declaração que interessa unicamente ao meu cachorro, uma vez que é ao meu cachorro - e tão somente ao meu querido cachorro - que desejo dirigir-me, e uma vez que eu sou livre para dirigir-me a quem minha petulância quiser se dirigir - a constituição legislativa mo permite! -, dirijo-me pois a essa belezura peluda e portadora de quatro patas almofadadas que, diferente de vós - tristes bípedes de patas duplas e peladas - não tem como prática viciada grudar o focinho nessa tela iluminada de bobagens aleatórias, e sim aproveitar o úmido cheirador para vasculhar o infinito invisível dos aromas que só as calçadas gramadas podem dar conta de oferecer, e somente aos cães, oferecidos por natureza ao exercício de cheirar e cheirar até não mais poder discernir o que é o cheirador daquilo que é cheirado. Enfim, senhores, cansei-me sobremaneira de vós, Sapiens Intelectus Petulantis, sempre a perguntar-me o porquê disso e o porquê daquilo, e, como não nasci para oráculo de Delfos, digo-vos sem ressalvas ou verrugas de constrangimento: vão todos pastar no pasto dos inquietos, e deixai-me, agora, e finalmente, abrir esse meu bondoso coração para, uma vez aberto, revelar meu amor que tanto reservo para essa doce criatura de rabo balouçador que tanto entende esse que por ora vos dirige a palavra mas que agora não dirige mais:
Meu querido cão, amo-te ao infinito das pulgas coçantes!
Grato.
A Direção.


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