Por que eliminamos os “porquês”?
Por que a vida se encarrega de eliminar as dúvidas para dar lugar às certezas?
Não, não é a vida que ajusta os ponteiros para que batam seus tique-taques simétricos,
somos nós que ansiosos por esclarecer o que é duvidoso teimamos em preferir o certo ao incerto.
Por que me encanto tanto com o teatro? Por que repito semanalmente o ritual de respirar fundo atrás das cortinas para esperá-las abrir? Muitos definem esse interesse por paixão, vocação, mas eu o chamo de assombro. É assombroso não saber o que virá depois de a cortina se abrir, é assombroso permanecer no escuro a espera do terceiro sinal, é assombroso perceber-se na mais profunda dúvida sobre o que virá quando as luzes se acenderem. Que sensação absurda é essa de ter certeza de que a vida hoje, nesse instante, se forma independente da minha vontade de querer tabulá-la?
O teatro, justamente por trabalhar com a repetição me ensina que a vida não se repete nunca, nem mesmo quando estou plenamente convicto do papel que me cabe desempenhar. O texto, habilmente decorado pelo ator, só tem sentido em existir para ser esquecido no momento seguinte em que sai da boca do intérprete. Repeti-lo decorado é o passaporte para a morte – que é o fim último da nossa mais profunda certeza. A vida pertence ao reino da incerteza e, principalmente, ao mistério. O teatro, com o seu microcosmo de magia, é o perfeito laboratório para testarmos o quanto precários somos e, por isso mesmo, o quanto é assombroso saber-nos ignorantes.
Nada disso é tranqüilo, toda a semana, momentos antes de as cortinas se abrirem, pergunto-me desesperadamente porque diabos estou enfrentando mais uma vez essa mesma sensação desconfortável. Mais fácil seria ter certeza sobre os relatórios a serem preenchidos em algum escritório qualquer, não só mais fácil como também mais reconfortante.
É duro abrir mão das certezas, o preço que se paga é alto mas a recompensa vem em dobro, em forma de vida que pulsa nas veias.
Por que a vida se encarrega de eliminar as dúvidas para dar lugar às certezas?
Não, não é a vida que ajusta os ponteiros para que batam seus tique-taques simétricos,
somos nós que ansiosos por esclarecer o que é duvidoso teimamos em preferir o certo ao incerto.
Por que me encanto tanto com o teatro? Por que repito semanalmente o ritual de respirar fundo atrás das cortinas para esperá-las abrir? Muitos definem esse interesse por paixão, vocação, mas eu o chamo de assombro. É assombroso não saber o que virá depois de a cortina se abrir, é assombroso permanecer no escuro a espera do terceiro sinal, é assombroso perceber-se na mais profunda dúvida sobre o que virá quando as luzes se acenderem. Que sensação absurda é essa de ter certeza de que a vida hoje, nesse instante, se forma independente da minha vontade de querer tabulá-la?
O teatro, justamente por trabalhar com a repetição me ensina que a vida não se repete nunca, nem mesmo quando estou plenamente convicto do papel que me cabe desempenhar. O texto, habilmente decorado pelo ator, só tem sentido em existir para ser esquecido no momento seguinte em que sai da boca do intérprete. Repeti-lo decorado é o passaporte para a morte – que é o fim último da nossa mais profunda certeza. A vida pertence ao reino da incerteza e, principalmente, ao mistério. O teatro, com o seu microcosmo de magia, é o perfeito laboratório para testarmos o quanto precários somos e, por isso mesmo, o quanto é assombroso saber-nos ignorantes.
Nada disso é tranqüilo, toda a semana, momentos antes de as cortinas se abrirem, pergunto-me desesperadamente porque diabos estou enfrentando mais uma vez essa mesma sensação desconfortável. Mais fácil seria ter certeza sobre os relatórios a serem preenchidos em algum escritório qualquer, não só mais fácil como também mais reconfortante.
É duro abrir mão das certezas, o preço que se paga é alto mas a recompensa vem em dobro, em forma de vida que pulsa nas veias.
Escrito por Francisco Carvalho, em 30.01, às 2:47