terça-feira, 31 de janeiro de 2012



É por causa desse seu apreço desesperado por um baseadinho, querida Rita, que um monte de gente inocente desgraça a vida... talvez gente que não lhe seja importante, já que o que conta é extravasar essa energia maluca pra dizer ao mundo que o barato é ser livre e desimpedido. Infelizmente para a senhora, querida roqueira dos tempos da ditadura, nós vivemos em uma sociedade, lugar em que os nossos atos públicos devem responder na base da vigência das leis (chama-se democracia, quero lembra-la)... nada contra a sua fumaça da paz, contanto que ela seja fumegada no recanto do seu lar... e para completar, em matéria de agitação popular a favor da violência, aí sim a senhora deu um show... se fosse realmente representante da paz, imagino que preferiria estar tocando cítara em alguma aldeia Hippie ou rolando na areia de alguma praia nudista. E para os que acham que o meu discurso está reivindicando a volta da censura, antes de marcharem na Paulista contra a minha pessoa, basta lembra-los que existe uma diferença muito grande entre liberdade de expressão e desrespeito a ordem pública... que todos possam sempre dizer o que pensam e também sejam responsabilizados quando o seu discurso ultrapassa o campo das idéias e vira ato violento contra a liberdade coletiva.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012



Não espero lealdade de ninguém, não me encanto com aqueles que conseguem arrebanhar fiéis - um discípulo a mais, outro degrau que o mestre dá em direção a confirmação do seu plágio. Não estou a serviço de ideia nenhuma, ainda que seja a mais nobre delas - essa sempre será a mais perigosa, e a que se revelará a mais catastrófica. Não me acostumo com a publicidade de caráter, nem com o reconhecimento público. A única forma de continuar vivo é na fresta, com o rosto quase que totalmente banhado pela sombra. Me contento com apenas um faixo de luz, um buraco da fechadura que me permite testemunhar as entradas e saídas desse enorme teatro. Feliz daquele que reconhece o seu absurdo!

sábado, 28 de janeiro de 2012



A linguagem humana, construída à base de complexos sistemas, é a mais letal das armas por nós inventada, o motivo gerador de todos os equívocos já testemunhados. As guerras só existiram - e continuarão a existir - graças ao arsenal de vocábulos que possuímos, esses sim, verdadeiros assassinos em massa. Mas e o outro lado? Não há belezas, sentimentos positivos ou razão de orgulho na utilização das palavras? E os grandes poetas? Não nos fizeram ver o que há de mais nobre naquilo que somos e podemos fazer no mundo? A nobreza do sentimento humano só é possível quando confirmamos a impossibilidade da utilização das palavras para expressá-lo, o verdadeiro amor é sempre silencioso, a poesia de fato poderosa é aquela que transforma as letras em notas musicais, conquistando o leitor não pela tradução do seu significado, mas pelo prazer da sua melodia. Os grandes poetas só o foram porque souberam fazer uso das palavras para nos provar o quanto a sua utilização é falha. Todos os grandes carrascos da história se impuseram à base de discursos, tentando nos provar da sua relevância. A palavra só é passível de orgulho quando ela própria assina a sua sentença de morte.


Escrito por Francisco Carvalho, às 12:02. SP, 28.02.2012